Relatório final da Polícia Federal em um dos inquéritos que investigam o chamado escândalo do mensalão confirma, em detalhes, que teria existido um esquema de desvio de dinheiro público para favorecer o PT e partidos aliados do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso. A revista Época trouxe extensa matéria sobre o tema, na qual aponta o prefeito de Osasco, Emidio de Souza, como um dos beneficiários.
O relatório da PF traz as conclusões de um inquérito aberto em março de 2007 para aprofundar as investigações sobre a origem do dinheiro do esquema e seus beneficiários. O inquérito correu em sigilo de Justiça, paralelamente à ação principal do mensalão, que está no Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento reforça a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República que deu origem ao processo criminal no STF, reunindo várias evidências de que recursos públicos foram desviados para o empresário Marcos Valério de Souza e depois repassados para o PT e outros partidos aliados.
A PF afirma que agências de publicidade e outras empresas de Marcos Valério mantinham contratos fictícios ou superfaturados com o governo federal. Por intermédio desses contratos, recursos teriam sido desviados e beneficiaram, além do PT, políticos do PMDB, PTB, PP e PR.
O dinheiro, segundo confirma a PF, era destinado a campanhas eleitorais ou ao uso pessoal desses políticos. No caso de Emídio, o relatório diz que Ivson Queiroz, assessor de imprensa da campanha do petista à Prefeitura de Osasco em 2004, recebeu R$ 77 mil de empresas de Marcos Valério. José Isac Pereira, diretor de filmes, recebeu R$ 67 mil. Heloísa Bezerra, redatora, recebeu R$ 45 mil. “Minha candidatura foi feita pela Estratégia, que pertencia a Marcos Valério. Na ocasião, não tinha estourado o escândalo. Nunca tratei com ele. A Estratégia subcontratou algumas pessoas. Não sei quem são”, justificou o prefeito.
Além dele, há o deputado federal João Paulo Cunha, suspeito de desviar R$ 536,4 mil em benefício de Marcos Valério. Sua esposa sacou R$ 50 mil do valerioduto.
Ainda da região, é citada a empresa Visanet. As perícias detalham a rota de recursos públicos desde a origem até as contas correntes dos beneficiados. Esse caminho teria sido traçado no caso da Visanet, um fundo com recursos mantido pelo Banco do Brasil e várias outras instituições financeiras, que teriam contribuído para aumentar os valores do valerioduto. Os documentos foram apreendidos pela Polícia Federal no início da investigação.
Nas acusações feitas em março de 2006, o procurador-geral Antônio Fernando apontou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu como “o chefe do organograma”.
Fonte: Folha de Alphaville