Em 2015, a quantidade de casos de dengue aumentou 379% com relação ao ano anterior. O número de mortes é ainda mais assustador: são 169, 382% a mais do que no ano passado. É o maior registro de casos desde que se iniciaram as tabulações relativas à dengue em 1990. Enquanto o poder público não encontra meios para diminuir a incidência da doença, a população sofre com um sistema público de saúde cada vez mais precarizado e sucateado.
Os dados do Ministério da Saúde, publicados pelo Estadão em sua edição de 04/05/2015, revelam um cenário bastante preocupante para a população do estado de São Paulo: vivemos uma grande epidemia de dengue, com 911,9 casos por 100 mil habitantes – para a OMS, uma epidemia é caracterizada quando o índice de ocorrência é de 300 por 100 mil habitantes. Esses dados referem-se aos casos notificados até 18 de abril.
Antes mesmo do pico da doença, que acontece a partir da segunda quinzena de abril, o estado de São Paulo já tem índices recordes de ocorrências de dengue, sendo o estado do país que teve o maior aumento do número de mortes em decorrência da picada do Aedes Aegypti.
Já são 401.564 casos de dengue registrados no estado de São Paulo em 2015, um número praticamente 5 vezes maior que os 83.830 registrados no ano anterior – são 745.900 casos no país inteiro. Os dados revelam que São Paulo tem um registro de 169 mortes em decorrência da dengue, 73% do total do Brasil. É um novo recorde, já que o pico anterior, em 2010, registrava 141 mortes.
Além de assustadores, os dados publicados pelo jornal O Estado De São Paulo de 04/05/2015 apresentam um quadro de aumento com relação a 2014 muito impressionante: foram 379% de aumento na incidência de casos e 382% com relação às mortes no ano anterior.
A prevenção à doença e o combate ao mosquito demandam um intricado sistema de cooperação entre os diversos entes do poder público e a população. Não há dúvidas de que municípios com menor orçamento necessitarão de maiores repasses do Estado e da União, e que a ação deve ser conjunta – ao contrário do que declarou o Secretário Estadual de Saúde, David Uip, em fins de março ao atribuir responsabilidades maiores aos municípios. Segundo reportagem da Rede Brasil Atual, publicada em 27/03/2015, “Uip disse que no segundo semestre de 2014 havia alertado os municípios para o controle da proliferação do mosquito causador da dengue e que ‘cabia aos municípios ter a resposta, e infelizmente não foi possível’”.
Embora o combate ao mosquito demande um trabalho conjunto entre poder público e população, na tentativa de eliminar os focos de proliferação do Aedes Aegypti, o aumento no número de mortes revela um problema crônico na saúde do estado de São Paulo, que não tem dado conta de dar atendimento que leve à cura dos pacientes infectados. Se a saúde estadual tivesse sido prioridade nos últimos 20 anos, a resistência à doença seria muito maior e a população conseguiria atravessar esta epidemia sem maiores sofrimentos.