Cerca de 1.100 ruas da zona sul e da zona leste de São Paulo ficaram sem coleta de lixo nesta semana, agravando as enchentes causadas pelas chuvas intensas que voltaram a atingir a cidade na tarde de ontem (25).
A Ecourbis, concessionária que faz a coleta de lixo nessas regiões, reduziu as horas extras de seus funcionários. Com isso, a empresa deixou de fazer a coleta em parte de sua área de atuação.
A prefeitura informou que constatou falha nos serviços prestados pela concessionária e que a empresa pode ser multada em até R$ 1,6 milhão.
De acordo com a Ecourbis, o problema ocorreu na segunda-feira (22) e na terça-feira (23) e foi regularizado ontem (25) e na quarta-feira (24), mas voltará a ocorrer na próxima semana. A disputa é pela renegociação dos valores do contrato.
A explicação é que na segunda e na terça o volume de lixo recolhido é 35% maior. Portanto, os caminhões precisam fazer mais viagens para dar conta de todo o material.
O resultado são mais sacos de lixo espalhado nas ruas. Durante as chuvas, esses sacos são arrastados pelas enxurradas e entopem as bocas de lobo, causando alagamentos. Só ontem, o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) registrou 61 pontos de alagamento, boa parte nas zonas leste e sul.
Quando começou a chuva forte de ontem, cerca de 20% do lixo que deveria ter sido coletado na noite de terça-feira ainda estava nas ruas.
Prejuízos
De acordo com Ricardo Acar, presidente da Ecourbis, os funcionários faziam jornadas de 12 a 13 horas por dia. Agora, o limite imposto é de duas horas extras diárias –ou seja, a jornada máxima passou a ser de dez horas- e não dá tempo de fazer a coleta em toda a área.
Acar diz que seria necessário incorporar mais 31 caminhões à frota de 179 da empresa, mas que isso só seria possível se a prefeitura aumentasse o valor pago mensalmente.
Atualmente, a Ecourbis recebe R$ 24,9 milhões e, segundo o presidente, gasta R$ 28 milhões por mês. Parte do prejuízo é em consequência de horas extras dos funcionários, diz ele. A maior parte, no entanto, é com o uso de aterros sanitários particulares em Guarulhos e Caieiras, ambos na Grande São Paulo. (EVANDRO SPINELLI, da Folha de S.Paulo – 26/03/2010)