Isabela Vieira
Enviada Especial – Agência Brasil
Renato Araújo/ABr
Porto Alegre – Tradicional marcha que abre os trabalhos do Fórum Social Mundial toma as ruas da cidade, com espaço para manifestações e protestos de diversas origens. Cerca de 10 mil pessoas saíram do centro e terminaram o ato às margens do Rio Guaíba
Porto Alegre – Representantes de religiões de matriz africana abriram a tradicional marcha do Fórum Social Mundial (FSM), na tarde de hoje (25), em Porto Alegre, cobrando o lançamento do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa.
A apresentação do documento estava prevista para o último dia 20, mas foi adiada pelo governo federal.
De acordo com o Babadiba de Iemanjá, o governo segurou a divulgação do plano por pressão de setores das igrejas Católica e Evangélica. “Argumentaram que não era possível nenhum constragimento nesse momento de eleições”, disse o religioso do Rio Grande do Sul, estado que tem, proporcionalmente, a maior comunidade de religiões afro no país.
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) explicou que o lançamento foi adiado porque o documento estava incompleto. Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria alegou que “o documento não tinha sido devidamente pactuado com outros ministérios”.
Na data prevista da divulgação do plano, representantes das religiões afro estavam em Brasília, quando a Seppir anunciou a suspensão. A nova data para apresentação do plano não foi marcada, mas a secretaria acredita que deve ocorrer ainda neste semestre.
As comunidades de terreiro prometem reagir para cobrar rapidez. “Temos uma reunião marcada com as lideranças para discutir e definir ações para pressionar o governo”, disse Babadiba.
O plano foi elaborado em parceria com os religiosos e traz ações para a regularização fundiária de terreiros, medidas para dar segurança aos cultos e às imagens, além de políticas nas áreas de educação e preservação histórica.
A religiosa Iá Vera Soares, que participou da marcha, lembrou que, entre as principais medidas, está o enfrentamento do preconceito, que também são foco da campanha “Quem é de Axé diz que é”. A campanha tem o objetivo de dar visibilidade às religiões afro e tem o apoio de diversos movimentos.
O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2000, informa que cerca de 0,3% da população brasileira se declara praticante de religiões afro como o candomblé, a umbanda, o omolocô e o tambor de mina.