Uma Prefeitura como a de São Paulo se move a passos lentíssimos; nenhuma mudança significativa de orientação política
acontece em tão pouco tempo, pois é preciso que leis sejam aprovadas, decretos e portarias orientem a atuação dos servidores e que a máquina pública comece atuar em função das novas diretrizes. Sabendo disso, o prefeito João Doria optou, com o apoio da grande imprensa, por jogar o jogo da pirotecnia, da manchete de jornal e do post viralizado no Facebook. Com isso, construiu um alto índice de popularidade no primeiro mês de governo. Essa política teve origem ainda na campanha eleitoral, quando o candidato tucano se fantasiou de “João Trabalhador” e procurou iludir a população dizendo que não era um político, mas sim um gestor.
Essa forma de atuação de Doria construiu uma cortina de fumaça que esconde a verdadeira intenção política do prefeito: enquanto a imprensa e as redes sociais se concentram em discutir o novo disfarce adotado por Doria, ele se preocupa em reduzir o investimento em áreas sociais e em vender tudo o que conseguir para a iniciativa privada. Os exemplos mais gritantes vêm da Educação, pasta que é responsável pela execução de grande parte do orçamento da cidade e através da qual se estabelece o contato direto da Prefeitura com a população.
O primeiro choque foi com o Transporte Escolar Gratuito (TEG). Para diminuir os gastos, o prefeito optou por dificultar o acesso ao benefício, endurecendo os critérios de concessão do Transporte. Acontece que o TEG existe única e simplesmente porque o poder público é incapaz de oferecer escola perto da moradia das crianças, que são obrigadas a se deslocar – a pé, na maioria dos casos – para assistir às aulas. Sem o transporte da Prefeitura, o direito à educação fica comprometido para um enorme número de crianças, especialmente na periferia, dada a urbanização irregular da cidade.
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A segunda ação do Prefeito foi com o programa Leve Leite, criado pelo então prefeito Paulo Maluf e que consome boa parte do orçamento da Prefeitura. O grande problema nesse caso é que Doria não se deu ao trabalho de produzir uma avaliação do impacto do programa na vida da população, nem de pensar uma alternativa para as famílias que dependem do alimento fornecido pela Prefeitura para garantir o mínimo de segurança alimentar para suas crianças. Se a redução era tão necessária, seria preferível que ela se desse após um minucioso estudo sobre o programa em si, e não na base da canetada do corte de gastos.
Por fim, o vergonhoso vídeo que Doria tem apresentado nos Emirados Árabes deixa claro que tudo o que ele quer é pôr fim ao que resta de direitos sociais e de serviço público na cidade. Nossa ativa bancada de dois vereadores, Toninho Vespoli e Sâmia Bomfim, e toda a militância do Partido não se calarão: não vamos aceitar que um tucano disfarçado de prefeito acabe com a maior cidade do país.