- Cada candidato tem oito minutos cronometrados para responder às perguntas que são de interesse dos eleitores da cidade. A ordem de entrevistas foi sorteada no dia 2 de agosto com a presença de representantes dos quatro candidatos em uma reunião na TV Tem.
Clique aqui para a íntegra, em vídeo, da entrevista com Raul Marcelo.
Leandro Rossito: Muito boa tarde, candidato.
Mariana Basso: Boa tarde.
Rossito: O senhor tem uma proposta de construir 15 mil moradias, é uma das suas propostas para a cidade, e o senhor diz no seu plano de governo que vai ser feito por meio também de parcerias com o CDHU e também o Ministério das Cidades. O que eu pergunto para o senhor é como é que o senhor pode garantir que essas 15 mil moradias vão ser mesmo construídas se elas não dependem unicamente do orçamento municipal?
Raul Marcelo: Boa tarde, Rossito, boa tarde, Mariana, eu quero agradecer o convite, e dizer às pessoas que estão acompanhando essa entrevista que a demanda por habitação em Sorocaba é enorme. Muitos jovens estão casando e morando no fundo da casa dos pais. É preciso que a prefeitura tenha uma ação proativa nessa área. Nós vamos ampliar os recursos da Secretaria da Habitação. Hoje a Secretaria da Habitação tem aproximadamente R$ 8 milhões para investir. Nós vamos ampliar para R$ 35 milhões para garantir que essa Secretaria da Habitação possa adquirir os terrenos, para baratear os investimento do Ministério das Cidades e para que a CDHU, que funciona através dos impostos do ICMS, 1%, possa desenvolver também projetos habitacionais em Sorocaba. A ideia é que a CDHU faça 5 mil, o Ministério das Cidades 5 mil e a prefeitura através de cooperativa e mutirão de autogestão, experiência, inclusive, de cidades vizinhas de Sorocaba, que a gente possa então entregar em quatro anos essas 15 mil moradias para quem precisa em Sorocaba.
Mariana: Ainda no plano de moradia, o senhor diz que pretende acentuar o processo de regularização fundiária e urbanização. Como é que isso seria feito?
Raul Marcelo: Olha, eu trabalhei isso muito quando fui vereador, e quando fui deputado também. Muitas famílias moram hoje em áreas particulares, e não têm escritura da sua residência, em áreas públicas e também não têm escritura de sua residência. São Paulo tem uma experiência muito exitosa que é uma parceria com a OAB, uma parceria também com a Associação dos Engenheiros, para poder trabalhar em conjunto e viabilizar a entrega das escrituras para aquelas pessoas que não têm a documentação das suas casas, e também junto aos cartórios. Também quando fui deputado ajudei a aprovar uma lei que diminuiu as taxas cartoriais para que a família possa fazer a regularização. Então nosso governo vai fazer isso, tecnicamente é muito simples até.
Rossito: Candidato, uma grande polêmica em relação aos hospitais psiquiátricos aqui na região, em Sorocaba. A maioria recebe repasses do município. O senhor sendo eleito vai continuar fazendo esses repasses?
Raul Marcelo: Olha, de fato hoje mais de 50% dos nossos leitos em Sorocaba são destinados a hospitais psiquiátricos. Nos hospitais que existem investigação do Ministério Público e existem denúncias, nós vamos cancelar os repasses. E, é claro, aqueles hospitais que trabalham de acordo com as normas e os casos que a família não consegue trazer para o ambiente familiar e esse doente, a prefeitura vai manter, é claro. Mas onde existe denúncia e algum tipo de irregularidade nós vamos suspender de forma imediata e não ficar esperando como aconteceu no atual governo, inclusive.
Mariana: É, porque em muitos casos a família não têm mesmo como receber esses pacientes, não é? Para onde eles iriam?
Raul Marcelo: É, o problema é que foi feito uma lei federal, por um deputado inclusive de Minas Gerais, chamada De Volta para a Casa. O governo estipulou um valor mas não indexou ao salário mínimo. Esse valor vem sendo defasado e a família acaba tendo muita dificuldade, Rossito e Mariana, para ficar com esse doente em casa. Nós vamos ampliar o Caps, para fazer o atendimento psicossocial através do equipamento público. Mas em casos de última situação, mais extrema, de fato você precisa. Mas nós queremos que funcione de acordo com a Vigilância Sanitária com transparência e com acompanhamento da sociedade sem ter essas denúncias que são terríveis, que chocam a todos.
Rossito: O senhor disse que pretende construir um hospital municipal por meio de parcerias. Que parcerias são essas, da onde virá esse dinheiro?
Raul Marcelo: Na verdade, Rossito, eu não coloquei no programa o hospital municipal, até porque o Governo do Estado já anunciou a construção de um hospital municipal na Raposo Tavares. O nosso compromisso é viabilizar em Sorocaba o programa Saúde da Família, que é um programa que é um sucesso em muitas cidades do Brasil. A ideia nossa é gastar R$ 30 milhões com esse programa, nós vamos gastar bastante. Por que? Porque a gente quer que a equipe – que é composta por um médico generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, pessoas do povo, inclusive – que ela possa fazer o trabalho de prevenção e casa a casa. Em Campinas, hoje, esse programa atende 30% da cidade. Em Sorocaba, não atende 6%, então, a ideia nossa é expandir esse programa para 300 mil sorocabanos, a ideia é ter 60 equipes, cada equipe fica responsável por até cinco mil sorocabanos. Então o centro da nossa intervenção na saúde vai ser o programa Saúde da Família. O que nós nos comprometemos é fazer uma nova Policlínica. A gente já tem uma, já tem mais de 10 anos, para um procedimento ambulatorial, uma pedra no rim, um procedimento que não precise de uma internação. Então, uma nova Policlínica hoje tem uma demanda grande, porque um especialista demora até um ano, seis meses para conseguir uma consulta em Sorocaba, e nós precisamos enfrentar essa questão. O hospital nós só vamos fazer se o Governo Federal e o Governo Estadual colocarem recurso. Nós não estamos assumindo esse compromisso porque, de fato, não tem como a cidade hoje prover uma questão como essa.
Rossito: E com relação ao pronto-socorro municipal, que hoje Sorocaba tem apenas um, em parceria com a Santa Casa, e essa parceria, até agora, muita gente reclama dessa situação. Como o senhor equacionaria essa situação do pronto-socorro municipal?
Raul Marcelo: Olha, com o novo hospital na Raposo Tavares, nós vamos fazer uma gestão forte junto ao Governo do Estado para que o Conjunto Hospitalar de Sorocaba possa prover esse atendimento…
Rossito: Porque o Conjunto Hospitalar não é um hospital porta aberta…
Raul Marcelo: Então, a ideia é que, com o novo hospital na Raposo Tavares, que o Conjunto Hospitalar de Sorocaba faça essa transição. Inclusive eu fui da CPI da saúde, que passou por diversos problemas do ponto de vista ético, inclusive, e a expectativa é que, com o novo hospital na Raposo Tavares, o Conjunto Hospitalar, inclusive, tenha uma mudança no formato dele para poder fazer esse tipo de atendimento, e nós vamos ampliar as parcerias existentes hoje com a Santa Casa e os demais hospitais filantrópicos da nossa cidade.
Mariana: Candidato, a gente gostaria agora de falar de trânsito com o senhor. Em vários pontos e horários, o trânsito em Sorocaba a gente vê que para. O senhor, uma das propostas é o videomonitoramento, por exemplo, das ruas e avenidas. Isso seria suficiente, por exemplo, para dar fluidez ao trânsito? Quais são as propostas para ajudar no trânsito?
Raul Marcelo: Então, nós temos que ter um conjunto de medidas. Nós temos que ter, na verdade, um plano municipal de mobilidade urbana em nossa cidade. Segundo, nós precisamos resolver o problema da fluidez no trânsito com muita inteligência e tecnologia. A CT em São Paulo tem um projeto que eu, quando deputado, visitei por diversas vezes, em que o engenheiro de trãnsito controla a questão dos semáforos utilizando algumas tecnologias importantes, nós vamos colocar isso em Sorocaba para poder aumentar a fluidez. Agora, o centro da nossa intervenção, quero deixar bem claro para o telespectador, é investir no transporte coletivo. Nós estamos aí há 20 anos já que não se investe no transporte coletivo em Sorocaba. Nós não temos corredores de ônibus ainda na cidade, os terminais são de 1992, precisam ser ampliados, a tarifa em Sorocaba é muito alta, os ônibus estão andando superlotados, a frota não aumentou, então a ideia nossa é fazer um investimento pesado nessa área.
Rossito: O senhor falou em tarifa alta, mas ao mesmo tempo o senhor promete gratuidade aos estudantes. Dá para aumentar o custo e diminuir a tarifa? Há margem para isso?
Raul Marcelo: Sim, nós lançamos um projeto inovador que acontece em alguns países já, que é o estudante que não tem renda, que não deixe de estudar porque não tem dinheiro para pagar a tarifa de transporte. Na nossa avaliação, isso é um absurdo, um jovem deixar de fazer um curso de profissionalização, um curso para se capacitar, um curso de línguas, porque não tem dinheiro para pagar…
Rossito: Mas diminui a receita, dá para diminuir a tarifa?
Raul Marcelo: Então, nós vamos subsidiar o transporte, porque o transporte coletivo é interesse de toda a sociedade, porque diminui o impacto ambiental, você consegue ter inclusive uma maior mobilidade na cidade. Esse projeto é para 10 mil estudantes, esse programa. Ele vai ter um custo de R$ 8,5 milhões por ano, e vai ser fantástico, porque o jovem vai ter liberdade para transitar pela cidade e principalmente para estudar, para frequentar biblioteca, museu, teatro, cinema e por aí vai. Então é a ideia é ter sim esse programa. É um programa barato, pelo tamanho do orçamento de R$ 1,7 bilhão, e nós vamos fazer isso no nosso governo, mas o centro mesmo é o investimento no transporte coletivo.
Rossito: O senhor tem 25 segundos para suas considerações finais, candidato.
Raul Marcelo: Eu quero agradecer o espaço mais uma vez e dizer que nós estamos fazendo uma campanha propositiva, apresentando propostas para o futuro da cidade, sem atacar ninguém, sem baixaria, sem acusação pessoal. A gente acha que é muito difícil fazer uma campanha suja e depois querer fazer um governo limpo. Então nossa campanha é uma campanha limpa, uma campanha humilde e uma campanha Ficha Limpa. Muito obrigado e parabéns para vocês por elaborarem esse programa com essa liberdade e essa profundidade.
Rossito: Tá ok, muito obrigado, candidato, boa campanha!
Mariana: Obrigada, candidato.