Ethevaldo Siqueira publicou o artigo “Revolução industrial 3.0” em O Estado de S. Paulo, em 29/04. O texto traz informações sobre o nível de automação alcançado pela indústria de ponta:
Há pouco mais de um ano, visitei uma fábrica inteiramente robotizada, sem operários, na Coreia do Sul. Dedicada à produção dos mais modernos displays e monitores de televisores, essa unidade fabril não emprega nenhum trabalhador na área de manufatura: conta apenas com uma dúzia de supervisores de qualidade e software.
Ele também cita reportagem da revista britânica “The Economist”, que apresenta como exemplo a unidade inglesa da Nissan, em Sunderland. Segundo a publicação, a fábrica “produzia 271 mil carros com 4.600 pessoas em 1999. No ano passado, a mesma fábrica produziu 480 mil veículos com apenas 5.462 empregados”.
“Para onde vão os empregos eliminados nesse processo?”, pergunta o jornalista. Ele mesmo oferece uma resposta mais que duvidosa:
Vão para as áreas de serviços, começando pelos mais sofisticados, como os de educação, pesquisa, projetos, controle de qualidade, saúde, entretenimento, artes, comunicações e os de cuidados pessoais. Por isso, a fábrica sem operários não traz, necessariamente, o pesadelo do desemprego inexorável e epidêmico.
No final, Siqueira cita Marx:
Imagino aqui como seria uma versão 2012 do Capital, de Marx, reescrita depois do desmoronamento do comunismo soviético, da ascensão da China e, principalmente, da revolução digital. Será que ele ainda faria uma proposta socialista?
Talvez, a resposta esteja no próprio Capital. No volume I, no capítulo 13, Marx diz:
Quando a máquina-ferramenta, ao transformar a matéria-prima, executa sem ajuda humana todos os movimentos necessários, precisando apenas da vigilância do homem para uma intervenção eventual, temos um sistema automático, suscetível, entretanto, de contínuos aperfeiçoamentos.
Ou seja, a robotização já era uma possibilidade concreta. Nem por isso, Marx deu qualquer sinal de que a proposta socialista estaria superada. Ao contrário, é exatamente esse tipo de avanço tecnológico que permitiria uma sociedade livre do trabalho alienado, cansativo e mórbido. É que a época de Marx é a nossa época.
Sérgio Domingues – Militante social e partidário (PSOL). Membro do coletivo Revolutas.