Rodas é acusado de usar dinheiro público para fazer disputa política com o diretor da São Francisco, instituição que dirigiu antes de ser nomeado reitor da USP. Veja matéria da Agência Estado publicada no G1 no último sábado.
Por G1
Sábado, 31 de março de 2012
O reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Rodas, está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual pelo suposto uso de verbas públicas para imprimir boletins institucionais em que critica a direção da Faculdade de Direito. Os folhetos foram distribuídos na São Francisco em setembro de 2011.
O inquérito foi instaurado a pedido da Congregação da Faculdade de Direito – instância máxima da unidade, que reúne professores, alunos e funcionários. O ofício foi entregue pessoalmente pelo diretor da São Francisco, Antonio Magalhães Gomes Filho, ao procurador-geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, em outubro.
A investigação começou em meados de fevereiro e está sob responsabilidade da Promotoria do Patrimônio Público e Social. O processo corre em segredo de Justiça e pode fundamentar uma posterior ação civil pública por improbidade administrativa. No momento, o MP analisa informações fornecidas pela faculdade e pela reitoria. Rodas foi diretor da São Francisco de 2006 a 2009 e assumiu a reitoria da USP em 2010.
Boletins especiais
O pedido da Congregação da Faculdade de Direito foi em resposta a dois boletins especiais da assessoria de imprensa da reitoria da USP. No dia 20 de setembro, o documento acusava o professor Magalhães de não dar andamento a projetos da gestão anterior – quando a unidade era comandada por Rodas. Segundo o texto, a atual direção “descontinuou projetos” da administração anterior, o que implicava “desperdício do dinheiro público” e contrariava “a lei e a moralidade administrativa”.
Dias depois, a reitoria voltou a criticar a direção da Faculdade de Direito. Em novo comunicado, Rodas falou do Clube das Arcadas e retomou a discussão sobre doações milionárias para reformas de sala de aula que exigiam como contrapartida o batismo dos espaços acadêmicos com os nomes dos doadores. O reitor disse: “A culpa (da situação da unidade) cabe à exploração política dos assuntos domésticos da FD e ao afã de apequenar pessoas e opor membros de uma mesma instituição, jamais vista em tão alto grau. É doloroso observar que os ‘cabeças’ do movimento passam pela vida da FD (alguns já a deixaram, outros estão prestes a deixá-la, mas, com certeza, todos a deixarão um dia), transmitindo seu legado negativo de desconfiança do colega, de falta de iniciativa e de não realização”.
Direito de defesa
Rodas admitiu, durante entrevista em outubro, que havia mandado distribuir o primeiro boletim. “Não são gastos especiais. É um direito de defesa. Havia um caldo político na discussão que seria feita: a Geni (da música de Chico Buarque) seria eu – eu e o reitor, ao mesmo tempo”, disse. “É a velha história: querem te dar um tapa, mas não querem que você ponha a mão para se defender”.
Em nota, a assessoria de imprensa da universidade informou nesta quinta-feira (30) que a reitoria já prestou “os devidos esclarecimentos” ao MP “que demonstram sua regularidade”.