O total economizado pelo governo para quitação dos juros da dívida pública, o chamado superávit primário, atingiu R$ 128,7 bilhões, o que significa 3,11% de todas as riquezas geradas pelo país, ou seja, do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, conforme nota técnica divulgada nesta terça (31) pelo Banco Central (BC). A poupança excedeu a meta do governo, que era de R$ 127,9 bilhões. E foi maior do que a registrada em 2010, que atingiu R$ 101,7 bilhões, ou 2,7% do PIB.
Najla Passos
Brasília – Em 2011, primeiro ano de mandato da presidenta Dilma Rousseff, cada um dos 190 milhões de brasileiros pagou R$ 677 em impostos para que o governo “honrasse” o pagamento dos juros da dívida pública ao “mercado”. Foi o maior valor nominal já pago pelos cidadãos.
O total economizado pelo governo para quitação dos juros da dívida pública, o chamado superávit primário, atingiu R$ 128,7 bilhões, o que significa 3,11% de todas as riquezas geradas pelo país, ou seja, do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, conforme nota técnica divulgada nesta terça (31) pelo Banco Central (BC).
A poupança excedeu, inclusive, a meta traçada pelo próprio governo, que era de R$ 127,9 bilhões. E foi bem maior do que a registrada em 2010, no último ano de mandato do ex-presidente Lula, que atingiu R$ 101,7 bilhões, ou 2,7% do PIB.
“Este ano, o país conseguiu um excedente de R$ 0,8 bilhões sobre a meta de superávit primário”, explicou o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Em função dos valores nominais destinados ao pagamento dos juros terem aumentado, a projeção da dívida líquida brasileira em relação ao PIB caiu para o menor patamar já verificado desde o início da série histórica calculada pelo Banco Central, desde 2001.
Representou uma redução de 2,7 pontos percentuais do conjunto de riquezas geradas pelo país: fechou 2011 com R$ 1,508 trilhões (36,5% do PIB), contra R$ 1,534 trilhões ( 37,5% do PIB) em 2010.
De acordo com Maciel, a perspectiva para este ano é que a dívida líquida, em dezembro, represente um percentual ainda menor do PIB, 35,7%, embora não seja possível prever o quanto isso representará no bolso de cada um dos brasileiros.
“As projeções para 2012 são muito favoráveis, porque a perspectiva é de inflação mais baixa, aumento do crescimento econômico e recua na Taxa Celic”, afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC.
A Lei Orçamentária 2012, sancionada este mês pela presidenta Dilma, reserva outros R$ 140 bilhões para pagamento de juros ao mercado. Isso significa que cada brasileira pagará, em média, durante 2012, mais R$ 736 em tributos que, posteriormente, serão transformados no superávit primário.
Os recursos direcionados ao pagamento dos juros da dívida beneficiam um número pequeno e desconhecido de pessoas, e deixam de ser investidos em serviços para o cidadão comum, como obras de infraestrutura, saúde e educação.
O governo não informa quantos são e nem quem são os credores, mas uma estimativa do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Márcio Pochmann, revela que 20 mil famílias tiram proveito deste “mercado” da dívida.
Matéria originalmente publicada na Agência Carta Maior