Para conhecer um pouco da vida de Rodrigo Garcia (PSDB), atual governador paulista e pré-candidato ao governo do Estado, não é muito difícil. Basta digitar no Google “Rodrigo Garcia” seguido de palavras como “escândalo do metrolão”, “caixa 2 em campanha eleitoral” e “irmão procurado pela Interpol pelo esquema do ISS”. Os resultados falam por si: apesar de não ter sido condenado em nenhum processo, Garcia esteve ao redor de muita confusão relacionada à suposta corrupção durante mandatos que cumpriu e governos de que fez parte, e até com um membro de sua família.
O atual governador, natural de Tanabi, noroeste de São Paulo, começou a carreira política muito jovem. Filho de um ex-industrial e atual produtor rural, Garcia se filiou ao DEM (antigo PFL, originado da ARENA) e logo se tornou deputado estadual. Fez parte de governos tucanos e uma marca de sua trajetória política é a prática reiterada de se licenciar de mandatos de deputado para assumir cargos em governos. Quem vê sua biografia no site da Câmara logo se dá conta que Rodrigo passou muito mais tempo licenciado do que no cargo de Deputado Federal, nas vezes em que foi eleito. Para conferir, basta acessar: https://www.camara.leg.br/deputados/88950/biografia.
Num desses pequenos e raros períodos em que esteve cumprindo o mandato para o qual foi eleito, Rodrigo Garcia votou a favor do impeachment de Dilma Roussef. Quis o destino que pouco depois, em 2017, ele se tornasse um nome citado na delação da Odebrecht por ter, supostamente, recebido “caixa 2” em sua campanha eleitoral de 2010 para Deputado Federal. Não foi só a Odebrecht que “dedurou” Garcia. Sérgio Corrêa Brasil, ex-diretor do Metrô de São Paulo, afirmou, em delação no chamado “escândalo do Metrolão”, que Rodrigo era um dos agentes que implantaram contribuições político-partidárias no seio da Companhia. O escândalo do Metrolão apurou um suposto esquema de formação de cartel em licitações do sistema de trens e do metrô de São Paulo.
História mais sinistra é a do irmão do governador, Marco Aurélio Garcia, condenado a 16 anos de prisão por lavagem de dinheiro ao participar da chamada “Máfia do ISS”, formada durante a gestão de Gilberto Kassab na prefeitura da capital em 2007, que cobrava propina de empresas para obtenção de descontos desse imposto em obras, o que causou prejuízo estimado em R$ 500 milhões aos cofres públicos. Marco Aurélio, o Lelo para os íntimos, ficou foragido e chegou a ser procurado pela Interpol.
Coincidentemente, Gilberto Kassab, que empregou Lelo na prefeitura paulistana, cresceu na política ao lado de Rodrigo Garcia. Quem é mais velho se lembra da dobradinha eleitoral com o insuportável jingle “quem sabe, sabe, vota comigo, federal é Kassab, estadual é Rodrigo”. Quando o ex-prefeito rompeu com o DEM para fundar o PSD, em 2011, não conseguiu arrastar Garcia e suas trajetórias se desencontraram. Em pouco tempo, Rodrigo se abrigaria nas asas de João Doria e, depois de 27 anos de DEM, romperia e se filiaria ao PSDB em 2021 para ser candidato ao governo de São Paulo.
Rodrigo Garcia é mais do mesmo. É o candidato do “estabilishment”, que vai dar continuidade aos governos tucanos no Estado paulista, que privatizaram e destruíram serviços públicos, rodovias e empresas estatais, aumentaram impostos e governaram contra a população pobre, trabalhadora e periférica. É Doria com outra roupagem. Por essas e outras, não merece governar São Paulo de jeito nenhum.
__________________
*A série Biografia buscará apresentar a biografia dos candidatos nas eleições de 2022 a partir de um ponto de vista crítico e de esquerda. Curta e compartilhe para ampliar o debate nas redes!