É fato conhecido que o pré-candidato ao Senado por São Paulo, José Luiz Datena (PSC), começou sua carreira como radialista esportivo, passou a locutor de TV e depois ingressou no ramo sensacionalista dos programas policiais, mas pouca gente se atenta à sua trajetória política.
Datena foi filiado ao PT de Ribeirão Preto por muitos anos e, inclusive, apresentou o comício de Lula nessa cidade em 1989, o que lhe rendeu, à época, uma demissão da EPTV, afiliada da Globo. Em 2015, em meio ao processo de impeachment de Dilma Roussef, o apresentador pediu sua desfiliação do partido. Desde então, iniciou uma peregrinação por diversas legendas, começando pela filiação ao PP em 2015, partido fundado por Paulo Maluf, e depois rumando ao PRP em 2017, uma legenda de aluguel que se fundiu ao Patriotas. Depois disso, passou por DEM, MDB, PSL, União Brasil e, no último dia 1º de abril, anunciou sua filiação ao PSC para concorrer em 2022.
A pergunta que fica é: como confiar o Senado de São Paulo a um político que passou por 8 legendas diferentes em menos de 7 anos? Sem contar que não há qualquer coerência política ou ideológica nessas passagens, tendo em vista que dentre elas existem partidos de esquerda, direita liberal, direita ultra-conservadora e até mesmo pequenas siglas de aluguel representantes do fisiologismo. Será indício de oportunismo político?
Por último, mas não menos importante, Datena detém um perfil de ataque aos trabalhadores e à juventude, especialmente a negra e periférica. Sua trajetória é marcada pelo sucesso midiático em cima da criminalização da pobreza. Seus programas exaltam e defendem a violência policial abertamente e ele flerta com o bolsonarismo em diversos outros temas. Por essas e outras, Datena deve estar bem longe do Senado Federal.
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*A série Biografia buscará apresentar a biografia dos candidatos nas eleições de 2022 a partir de um ponto de vista crítico e de esquerda. Curta e compartilhe para ampliar o debate nas redes!