A CPI da Petrobras completa três meses de trabalho esta semana. No período, tomou 15 depoimentos e recebeu dezenas de documentos sigilosos. Mas pouco avançou na apuração que envolve denúncias contra o PMDB, partido dos presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, e também do presidente da comissão, o deputado Hugo Mota.
Das oitivas realizadas até agora, só uma era referente a acusações diretas ao partido, a do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que ratificou na CPI a delação de que o PMDB participou do esquema de corrupção, apontando, inclusive o nome de políticos com os quais diz que teve contato.
Os depoimentos do doleiro Alberto Youssef, que delata a participação do PMDB; do empresário Fernando Soares, o Fernando Baiano, acusado pelo Ministério Público de ser o operador do partido no esquema, e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, também acusado de atuar a mando da legenda, foram marcados para esta segunda-feira.
Mas diferentemente dos demais depoentes, que estiveram sob a pressão e o holofote da CPI na Câmara dos Deputados, eles serão ouvidos de forma mais discreta, em Curitiba, onde estão presos.
Para o deputado Ivan Valente, do Psol, há tratamento diferenciado na apuração das denúncias. Ele observa que depoimentos em Brasília duraram até oito horas, enquanto desta vez a comissão quer ouvir 13 pessoas no Paraná em apenas dois dias.
Por enquanto, não foram votados os requerimentos para quebrar os sigilos fiscal, bancário e telefônico e para ouvir o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, indicado para o cargo por Renan Calheiros. A Transpetro é responsável na Petrobras pelo transporte de combustíveis e suspeita de também ter repassado propina a políticos.
Outros requerimentos ignorados, até o momento, são para ouvir o policial Federal Jayme de Oliveira, o Careca, que apontou versões diferentes sobre uma suposta entrega de dinheiro para Eduardo Cunha. Tem, também, o que pede a oitiva do empresário Julio Camargo, que delatou ter pagado propina que seria repassada ao PMDB.
Ainda está na geladeira o requerimento para ouvir a deputada Solange Almeida. Segundo denúncia do doleiro Alberto Youssef, Cunha pressionou empresários da Mitsui a pagar propina. O parlamentar é suspeito de ter feito isso, por meio de pedidos de informação apresentados no Congresso pela deputada Solange Almeida, também do PMDB.
Na terça-feira passada, a Procuradoria Geral da República, fez busca e apreensão no gabinete de Cunha para apurar o caso. Dois dias depois, a CPI da Petrobras recebeu um pedido de convocação do procurador geral Rodrigo Janot. O requerimento pode ser votado semana que vem.
A deputada Elisiane Gama, do PPS, diz que há uma tentativa ilegal de utilizar a CPI para constranger o procurador geral.
O presidente da CPI, deputado Hugo Mota, nega estar protegendo o PMDB e seus colegas de partido nas investigações.
Convocações de políticos com cargo, de todos os partidos investigados na Lava Jato, não foram votadas. O que soou a ‘acordão’ na CPI.
O presidente da Câmara Eduardo Cunha foi o único parlamentar no exercício do mandato que falou à CPI para rebater denúncias contra ele, mas foi espontaneamente à comissão e negou todas as acusações.
Matéria da rádio CBN sobre a CPI da Petrobras