A blindagem de políticos alvos de inquérito na Operação Lava Jato e de empreiteiros investigados no esquema de desvios da estatal já começou na CPI da Petrobras.
Na última sessão deliberativa da CPI, ocorrida na terça-feira (24), nenhum dos requerimentos para convocação dos 50 políticos alvo de inquéritos no STF (Superior Tribunal Federal) foi analisado. Também não foram votados os requerimentos para convocar empreiteiros investigados por integrarem um cartel de empresas formado para obter contratos na estatal mediante o pagamento de propina.
Em reunião interna, os integrantes da CPI fecharam acordo para aprovar determinados requerimentos, entre eles o que convoca o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acusado de receber repasses de propina de empreiteiras na investigação da Lava Jato, e o empresário Augusto de Mendonça Neto, acionista da empresa Toyo Setal e delator na Operação. Também foi acordada a convocação do empresário, Mário Goes, acusado como mais um operador de propina na estatal e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para falar sobre a liberação de recursos para projetos sob suspeita.
Contudo, os parlamentares do PMDB não concordaram com o requerimento de convocação, feito pelo PSOL, do lobista Fernando Soares, o Baiano, apontado nas investigações como o operador das propinas para o PMDB, nem de outros personagens ligados à investigação sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), como o policial Jayme Oliveira, o Careca, e o consultor Júlio Camargo, que admitiu, em delação premiada, ter pago propina a Baiano.
A nova ordem de prisão preventiva de Fernando Baiano, decretada nesta quarta-feira (25) pela Justiça Federal, mostra o quão acertado é o pedido do PSOL de convocação do lobista. Em sua decisão, o juiz Sérgio Moro, afirmou que “surgiram mais provas a respeito dos crimes pelos quais Fernando foi denunciado, novas provas sobre outros crimes de que teria participado e ainda, em especial, prova de que ele teria intermediado o pagamento de propinas para obstruir o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito de 2009 e 2010, evidenciando risco à investigação e à instrução”.
De acordo com Moro, “com o levantamento do sigilo sobre os depoimentos da colaboração premiada de Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, veio à luz informação de que teria havido pagamento de propina a parlamentares para obstruir as investigações da CPI da Petrobras dos anos de 2009 e 2010. Fernando Soares, como operador de propinas da empreiteira Queiroz Galvão, teria na ocasião se encarregado de pagar os parlamentares para obstruir o regular funcionamento da CPI”.
Em seu depoimento, Paulo Roberto Costa declarou que foram repassados R$ 10 milhões para o então presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (morto em março de 2014). Na época, Guerra integrava a CPI da Petrobras, que acabou sem impor punições.
Fonte: Mandato deputado Ivan Valente