No mesmo dia em que a Reitoria foi ocupada, Assembleia dos estudantes aprovou greve geral na USP imediata e por tempo indeterminado. A principal reivindicação é a eleição direta para reitor. Leia nota do DCE Livre da USP sobre o movimento:
É hora de Diretas na USP já: nota do 1 de outubro
No dia 1 de outubro de 2013, mais uma vez a reitoria e os Diretores de Unidade da USP se negaram a debater a real democratizacão da Universidade de São Paulo.
Às 14h, ocorreu um Conselho Universitário (CO) que decidiu a maneira como os Reitores da USP passarão a ser eleitos. Ainda que, no mês de julho, João Grandino Rodas houvesse anunciado que a USP passaria a ter eleições diretas, a sessão do CO refutou peremptoriamente as eleições diretas na USP, bem como o fim da lista tríplice na Universidade, que atualmente permite que o Governador do Estado escolha os Reitores da USP. Um enorme absurdo antidemocrático. Na prática, as únicas propostas aprovadas no CO foram apresentadas por um grupo de cerca de 50 Diretores de Faculdades, à revelia de qualquer debate democrático, promovendo mudanças que em quase nada alteram a atual maneira como os Reitores já são eleitos.
Junto com funcionários e professores, os estudantes promoveram, à tarde, uma manifestação em frente à reitoria. A principal reivindicação estudantil era de que o Conselho Universitário acontecesse de maneira aberta a toda comunidade universitária e interessados, como critério mínimo de democracia e de respeito ao ambiente de debate universitário. No CO, os poucos representantes discentes (entre cerca de 140 conselheiros, nem seques 15 são estudantes) pautaram a proposta logo no início do Conselho. O objetivo dos estudantes era o de poder participar da sessão do CO, expor suas ideias por meio do diálogo e pressionar para a aprovação das eleições diretas na USP. Entretanto, Rodas e a ampla maioria do CO recusaram a proposta de maneira autoritária. Muitos conselhieros, ainda, desmereceram e agrediram verbalmente os RDs.
Frente à situação inaceitável, os estudantes imediatamente se dirigiram à porta do CO. Sendo, mais uma vez, impedidos de participar democraticamente do Conselho, ocuparam a Reitoria da Universidade, como protesto em oposição à profunda falta de democracia na USP e em busca de deixar claro: exigimos eleições diretas já na USP!
Assim que parte dos RDs se retiraram do CO, foi protocolada uma proposta por RDs e também pelo DCE e a Associação de Pós-Graduandos, exigindo, de maneira objetiva, três reivindicações imediatas: o cancelamento imediato da sessão do CO de 1 de outubro, a convocatória imediata de um novo CO, dessa vez aberto a todos, e a convocação de um plebiscito oficial da Universidade a respeito das Eleições Diretas na USP.
O dia de hoje deixa claro que somente a mobilização estudantil pode de fato conquistar a democracia na USP. O objetivo real de Rodas e dos Conselheiros do CO nunca foi e jamais será, realmente, a democratização da Universidade. Frente à força das manifestações da juventude em junho, foram obrigados a anunciar que democratizariam a Universidade. Mas, agora, na prática, demonstram que são contrários a isso. Atualmente, a Universidade é administrada sucessivamente por uma minoria de pessoas, ligada diretamente ao governo do estado do PSDB. João Grandino Rodas, na USP, tem um histórico autoritário, como em 2011, quando colocou mais de 400 homens da Tropa de Choque da PM na Cidade Universitária para reprimir estudantes. O próprio reitor só pôde chegar ao seu cargo porque, em 2009, o então governador José Serra o nomeou, ainda que tivesse ficado em segundo lugar nas eleições.
Alterar a maneira como os reitores são eleitos, promovendo a imediata participação de todos, é condição elementar para alterar o atual cenário na Universidade. Há mais de 20 anos, nosso país passou por seu processo de redemocratização. Agora chegou a hora de conquistarmos as eleições diretas já na USP. Com peso paritário nas votações e o fim da lista tríplice.
Por isso, na assembleia geral dos estudantes, realizada à noite, foi deliberada a greve geral estudantil na USP imediata e por tempo indeterminado. Amanhã, serão realizadas assembleias nos cursos da USP, para o enraizamento da greve na universidade, e quinta-feira uma nova assembleia geral.
O DCE convoca a que todos estudantes estejam presentes na Universidade nesse momento. Em defesa da USP, exigimos, eleições diretas já.
DCE Livre da USP