ESTALEIROS DE NITERÓI
Há uma semana que os metalúrgicos de Niterói enfrentam a intransigência da indústria naval e realizam uma forte greve. Com enorme adesão dos trabalhadores, massivas passeatas e grandes assembleias, a greve enfrenta também a vacilação vergonhosa da direção sindical que deveria representar a categoria, mas que infelizmente representa interesses alheios à vontade dos trabalhadores.
No estaleiro STX, por exemplo, a paralisação afeta 100% da produção da empresa. “Apesar das tentativas de intimidação, a greve hoje foi ainda mais forte. E nos outros estaleiros também. No Mauá, UTC, Renave, Enaval, Aliança, a disposição dos trabalhadores é seguir firme até que o Sinaval (sindicato patronal) apresente uma nova proposta, superior à que foi rejeitada pelos metalúrgicos em assembleia. As empresas têm todas as condições de atender as reivindicações dos trabalhadores e aumentar o índice de reajuste salarial, melhorar bastante o tícket-alimentação, que hoje é de míseros R$ 150 e avançar em melhores condições de trabalho para quem carrega nas costas o crescimento do setor naval”, afirma José Batista Júnior, diretor do sindicato e membro da comissão, eleita em assembleia, para participar das negociações com a patronal. “E claro que não aceitaremos nenhum acordo que desconte os dias de greve”, conclui Júnior da STX, secretário-geral da chapa de oposição, que concorre a uma eleição sindical que já deveria ter ocorrido desde abril.
Nem a chuva da madrugada desta quarta-feira ou o triste papel, desempenhado no dia anterior pelo presidente do sindicato, durante audiência de conciliação no TRT, tiraram o ânimo e a determinação dos trabalhadores. Após uma bela passeata que percorreu as ruas de Niterói, os trabalhadores realizaram uma nova assembleia na frente do sindicato da categoria onde decidiram pela continuidade da greve, fortalecimento dos piquetes no feriado e na sexta-feira e uma nova assembleia na próxima segunda-feira, dia 11. Além disso, e por unanimidade, a assembleia aprovou, mais uma vez, que a comissão de base eleita participe das negociações, juntamente com o presidente do sindicato.
“O setor naval em franca expansão, os trabalhadores submetidos a muita exploração, a direção do sindicato contrária aos interesses dos trabalhadores, mas a categoria disposta a lutar por um acordo coletivo justo e, também, por uma nova direção sindical, enraizada nos locais de trabalho, comprometida com uma prática sindical combativa e renovada”, afirma Israel Dutra, dirigente do MÊS, que está construindo também a Intersindical. “Cabe lembrar que esse sindicato representará, também, os trabalhadores do Comperj”, conclui Israel.
A Intersindical tem estado presente nos piquetes e manifestações com vários outros dirigentes, como Big (Bancários de Santos), Ari (Sintaresp/SP), Renilson (Quimicos Unificados), Adriano e Rosilene (Sepe), além de muitos outros militantes. “O apoio do movimento social combativo e da esquerda, neste momento, é muito importante. Assim como os metalúrgicos, exigimos a imediata abertura de negociações e atendimento das reivindicações dos trabalhadores”, afirma Edson Carneiro Índio, da Coordenação Nacional da Intersindical, que também acompanha a greve e todo o processo nos metalúrgicos de Niterói e Itaboraí.
Postado: INTERSINDICAL
Alexandre Maciel
Jornalismo PUC-SP
Veja as fotos das mobilizações dos Metalúrdicos de Niterói