Estamos acompanhando os recentes acontecimentos da USP. Lamentamos profundamente a postura repressiva do Estado e, de igual maneira, a forma com que a mídia tem abordado os acontecimentos.
“É inaceitável que um espaço dedicado á reflexão, ao trabalho, à política, às artes e também à recreação de seus jovens estudantes seja ameaçado pela força policial. Uma Universidade tem o dever de levar sua análise crítica ao limite porque é a única que pode fazê-lo. Seus equívocos devem ser corrigidos por ela mesma. Se é incapaz disso, não é mais uma universidade” – Lincoln Secco, Livre Docente em História Contemporânea na USP
A presença ostensiva da Polícia Militar, após o lastimável episódio do assassinato do estudante Felipe Ramos de Paiva, não representa a segurança da comunidade universitária, considerando a postura das forças de segurança em agir em defesa do Estado, não do povo.
A polícia no Brasil é um órgão militarizado e de repressão, que tenciona ainda mais a relação com povo em uma sociedade pautada pela desigualdade. As heranças do período da ditadura, a qual direcionou a formação militar na contramão dos direitos humanos, é mantida ainda hoje através da política de segurança pública reacionária do governo tucano (que reverencia o golpe de 1964 como a “Revolução de Março”).
São lamentáveis as cenas da desocupação pelos “brucutus”, que utilizaram de força e contingente desproporcional, para retirar os 72 estudantes DESARMADOS que portavam apenas livros em suas mãos.
É difícil avaliarmos se aquele era o momento adequado para realizar o ato, não estávamos a par das discussões da comunidade universitária. Porém, apoiamos a mobilização dos estudantes e suas legítimas reivindicações.
Repudiamos, portanto, a presença da Polícia Militar no ambiente universitário. A universidade é um espaço onde a liberdade é essencial, porque é através dela que se dá a produção intelectual, na qual a USP é referência.
Apoiamos o movimento “Fora Rodas”, reitor nomeado pelo ex-governador tucano, José Serra, ignorando a burocracia universitária e a comunidade acadêmica.
Da mesma maneira, nos indignamos com a cobertura dos grandes veículos de comunicação, mantedores da tradição de criminalizar toda organização popular e rebaixar as discussões que podem ser retiradas do caso, como a descriminalização da maconha, a desmilitarização da polícia brasileira (uma das que mais matam no mundo) e a nomeação de João Grandino Rodas à reitoria, atitude que resgata a política dos governos militares da não democratização na escolha do reitor da Universidade de São Paulo.
Nós do Núcleo de Juventude do PSOL de Sorocaba deixamos, através desse texto, nossa solidariedade aos estudantes e sua organização através da greve geral, instalada com a organização dos companheiros do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
*Segurança, autonomia da universidade e liberdade aos estudantes, SIM.
*Policia, autoritarismo e violência, NÃO!
*Fonte: Juventude do PSOL Sorocaba