Deputado do PSOL desafia tucano e diz
que será “grilo falante” na Assembleia de SP
Autodefinido como o “grilo falante” da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) lançou nesta quinta-feira (3) sua candidatura à presidência do Legislativo paulista. Ele vai disputar o cargo com o atual presidente, Barros Munhoz (PSDB), que costurou um acordo para sua reeleição que inclui até o PT, tradicional opositor dos tucanos no Estado.
Único deputado do PSOL na próxima legislatura, Gianazzi segue o exemplo do que fez o partido no Congresso, lançando candidaturas às presidências da Câmara e do Senado.
Sem esperanças de vitória e sem nenhum apoio entre os colegas, o deputado do PSOL disse ao R7 que sua candidatura tem o objetivo de denunciar a passividade do Legislativo com o governo do Estado.
A eleição da Alesp ocorre na data da posse dos deputados estaduais, em 15 de março. O próximo mandato vai de 2011 a 2013.
R7: Qual é o objetivo da sua candidatura?
Carlos Gianazzi: A candidatura tem o objetivo de denunciar essa prática política de loteamento dos cargos, a Assembleia Legislativa é apenas um apêndice do Palácio dos Bandeirantes. Tem 71 deputados na base governista, ela não representa a população. Temos CPIs folclóricas funcionando, como a da gorjeta, que servem apenas para obstruir as CPIs que investigam o governo. Foi feito um consórcio entre todos os partidos, menos o PSOL, para ocupar os cargos da Mesa Diretora. Somos contra isso, vamos denunciar isso. A minha candidatura é o grilo falante da Assembleia Legislativa.
R7: Como o senhor vê a aliança entre PT e PSDB para a reeleição do atual presidente?
Gianazzi: Tem sido recorrente essa aliança. O PT em tese é um partido de oposição ao PSDB. Estranho como ele se alinha ao PSDB e entra no consórcio por espaço na Mesa Diretora. O partido de oposição não pode fazer isso.
R7: A Assembleia paulista é criticada pelo alinhamento com o governo estadual, o senhor concorda com essa crítica? E como combater esse alinhamento?
Gianazzi: Concordo. A Assembleia Legislativa não passa hoje de uma extensão da área de lazer do parque do Ibirapuera. Ela consome R$ 680 milhões do erário público, mas não defende o interesse da população. Dificilmente se vota um projeto na Assembleia. Também não fiscaliza o Poder Executivo. Nada disso acontece porque o Executivo loteou o Estado entregando secretarias para todos os partidos. Agora, o que depender dos partidos, não haverá mudança alguma. A população e a opinião pública precisam se mobilizar para que a Assembleia mude a sua postura.
R7: O PSOL adota posturas independentes tanto no Congresso quanto na Assembleia estadual. O partido não acredita em alianças?
Gianazzi: A gente não acredita em alianças com partidos fisiológicos, com partidos clientelistas, que defendem as empreiteiras, bancos e grandes negócios. Se o partido tem programa, tem ideologia, ai dá para ter aliança. Mas com esses partidos esfacelados, “partidos da boquita”, aí não dá para se aliar. PV, PSB, PDT, PMDB apoiam quem oferece cargos. O PSOL não vai se aliar a isso. O partido foi construído para mudar essa prática política.
R7: Quantos votos o senhor espera receber?
Gianazzi: Não espero votos, não. A não ser que tenha alguma briga até o dia da eleição, talvez aí eu terei algum voto. Mas eu não tenho esperanças por conta da aliança que já foi feita. Diante desse quadro, ninguém vai querer abrir mão dos seus cargos que já foram negociados.