Os novos deputados estaduais tomam posse na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) nesta terça-feira, 15 de março, quando ocorre também a eleição para a mesa diretora da Casa. Os tucanos já costuraram um acordo para reeleger Barros Munhoz que inclui até o PT e o PCdoB. Coube ao PSOL, mais uma vez, ser a a voz dissonante com a candidatura alternativa do deputado Carlos Giannazi para a presidência da Casa.
Pesa sobre Barros Munhoz uma série de denúncias, o jornal Folha de São Paulo noticiou na sexta que o deputado é acusado de ter desviado R$ 3,1 milhões dos cofres de Itapira, de onde foi prefeito até 2004. O Ministério Público diz ter encontrado depósitos na conta de Munhoz totalizando R$ 933 mil. Mas nem isso constrange o PT, que segue no apoio ao tucano.
A candidatura de Giannazi representa a proposta de um legislativo com autonomia. Sua candidatura denuncia a passividade do legislativo com o governo do Estado e a prática de loteamento de cargos, que têm feito com que a Assembleia seja apenas uma extensão do Palácio dos Bandeirantes e um espaço de acobertamento para inúmeras denúncias que envolvem o executivo, muitas das quais feitas pelo próprio PT.
Giannazi chama a atenção para o fato da Alesp consumir R$ 680 milhões do orçamento público, mas ter uma baixa produtividade legislativa, “não se discute projetos em defesa do interesse público, nem tampouco se fiscaliza o governo”, afirma o deputado. Em sua opinião, o acordo envolvendo os demais partidos, inclusive os que se dizem de oposição ao governo estadual, vai piorar ainda mais as coisas. “A gente não acredita em alianças com partidos fisiológicos, com partidos clientelistas, que defendem as empreiteiras, bancos e grandes negócios. Se o partido tem programa, tem ideologia, ai dá para ter aliança. Mas com esses partidos esfacelados, “partidos da boquita”, aí não dá para se aliar. PV, PSB, PDT, PMDB apoiam quem oferece cargos.”, declarou Giannazi numa entrevista recente ao Portal R7 sobre sua candidatura à presidência da Câmara.
Como as bancadas são fortemente controladas pelo executivo e o acordo reforça ainda mais esse processo, o PSOL não tem expectativa de que haja deslocamentos de votos, no entanto, a candidatura de Giannazi cumpre o papel fundamental de ser o contraponto, disputa na sociedade uma visão diferente para o legislativo e principalmente denuncia os acordos espúrios que acontecem na ALESP.