DA AGÊNCIA BRASIL
Um bloco paulistano uniu nesta terça-feira diversão e política em sua estreia no Carnaval. O grupo Adeus, Amélia desfilou pela primeira vez na tarde do Dia Internacional da Mulher e pregou a igualdade de gêneros com uma marchinha de letra irreverente.
Cerca de 100 foliões, principalmente mulheres, acompanharam o bloco. Pelas pistas do Elevado Presidente Costa e Silva, o Minhocão, elas cantaram com muita animação a música-tema do grupo, com o refrão: “Amélia a mulher de verdade, não cabe mais na nossa realidade. Hoje somos inteiras, e não pela metade.”
O Bloco Adeus, Amélia foi criado este ano por movimentos sociais de mulheres. Já que o Dia Internacional da Mulher coincidiu com o último dia do carnaval, esses movimentos decidiram adiar para sábado (12) a marcha que é feita todo ano para lembrar a data. Porém, não deixaram de fazer suas manifestações.
“Esta é a primeira vez que lembro de o Dia da Mulher cair no carnaval”, disse Edna Lucia Ferreira, uma das organizadoras da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil. “A gente adiou a marcha, mas criamos o bloco. O Adeus, Amélia é diversão, mas também manifestação.”
Mirian Nobre participa da marcha anualmente e esteve hoje no desfilando do bloco. Ela disse que o Adeus, Amélia, além de manifestação, é também uma forma de mostrar que o carnaval pode ser interessante mesmo sem expor as mulheres como um objeto ou uma mercadoria.
“O carnaval é uma festa popular. O problema é quando as pessoas querem vender o carnaval vendendo o corpo da mulher como uma mercadoria”, disse, sobre a exposição das integrantes femininas nos desfiles das escolas de samba, por exemplo.
A opinião de Mirian Nobre foi ratificada também pelos homens que estiveram no bloco. Everton Souza de Araújo foi um dos foliões do Adeus, Amélia. Ele gostou do bloco e disse que espera que o grupo continue desfilando para conscientizar e alegrar os paulistanos.