Durante o sexto ato contra o aumento da tarifa do ônibus na cidade de São Paulo, realizado ontem (17), a Polícia Militar tentou dispersar os manifestantes com base na violência. Usando bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, balas de borracha e spray de pimenta, a Polícia Militar transformou o viaduto do chá em uma praça de guerra durante trinta minutos. Um manifestante foi hospitalizado e pelo menos outros dez ficaram feridos.
Os protestos têm como objetivo pressionar a prefeitura para que seja revogado o aumento da tarifa de ônibus, que subiu de R$ 2,70 para R$ 3 em janeiro –variação de 11%– após decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
As demonstrações da incapacidade para o dialogo com movimento sociais da prefeitura começou pela manhã. O governo Kassab indicou para discutir com os representantes da frente de movimentos contra o aumento da tarifa o secretário adjunto da Secretaria Municipal dos Transportes, Pedro Luiz de Brito Machado, que declarou à comissão que não poderia negociar nenhum dos pontos da pauta de reivindicações por não ter poder para isso.
Seis estudantes se acorrentaram nas catracas de entrada do prédio da prefeitura após a negativa de negociação por parte da prefeitura, por volta das 12h30, exigindo uma reunião com real possibilidade de negociar as reivindicações. Alguns dos que se acorrentaram são militantes da juventude do Partido Socialismo e Liberdade.
O prédio foi cercado com grades pela Guarda Civil Metropolitana e a imprensa foi proibida de ter acesso ao local.
Do lado de fora do prédio da prefeitura, outros manifestantes iniciaram uma vigília. Por volta das 18h30, o ato contava com mais de 1.000 pessoas, quando alguns manifestantes derrubaram a grade que cercava a prefeitura. A guarda civil e a Polícia Militar agiram com truculência e não pararam após as grades serem recolocadas. O batalhão de choque foi acionado e entrou em combate corpo a corpo dezenas de manifestantes. Até os vereadores que acompanhavam os manifestantes acorrentados, José Américo, Donato e Juliana Cardoso (PT), foram agredidos pela truculenta polícia militar, que manteve os disparos por meia hora.
Pouco menos uma hora depois do ataque da Política Militar, os manifestantes retornaram à vigília, frustrando o plano das autoridades.
Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL, chegou no início da noite para ajudar na mediação da negociação entre os manifestantes e a prefeitura. “A juventude está no seu direito legítimo de protesto contra esse aumento abusivo dos ônibus na cidade de São Paulo, e não pode ser tratada dessa maneira pela Polícia Militar”, declarou o deputado.
O ato terminou por volta das 23h30, com os estudantes acorrentados saindo pela porta da frente em comemoração e com compromisso de uma nova reunião, desta vez com o Secretário Especial de Relações Governamentais, Antonio Carlos Rizeque Malufe, na próxima semana.