Destoando dos demais candidatos e levantando questões fundamentais que deveriam fazer parte do debate político, Plínio foi a voz de esquerda no último debate da Band, o único a tratar de temas que fogem ao script traçado até aqui para essas eleições. Não é à toa que chamou tanto a atenção, no início do debate Plínio já fez um alerta: . “Opa! Eram três, agora são quatro, e tem muitos outros que não puderam vir a esse debate.”
De cara levou para o debate temas centrais dos movimentos sociais, como a reforma agrária e o limite da propriedade da terra, a redução da jornada de trabalho e o combate ao desmatamento. Dilma tentou enrolar sobre as 40 horas semanais, mas acabou admitindo que para ela cabe ao mercado regular essa demanda, ou seja, lavou às mãos, frustrando até mesmo setores cutistas que travam a luta pela redução da jornada. Serra foi na mesma linha, disse que está seria uma questão para ser decidida sindicato por sindicato. Quanto ao limite da propriedade da terra, as opiniões dos dois principais candidatos novamente convergiram.
Já Marina Silva, na sua linha de conciliar tudo, praticamente propôs um governo de coalizão entre petistas e tucanos, o que, aliás, não seria propriamente um contrasenso, uma vez que há mais similaridades do que divergências nos oito anos do governo FHC e nos oito anos do governo Lula.
Plínio novamente foi a voz dissonante ao contrapor a Marina Silva a impossibilidade de conciliar a defesa do meio ambiente com o capitalismo, mostrando que o sistema tem uma lógica intrínseca de destruição ambiental.
A repercussão à participação do Plínio no debate mostra que há um espaço à esquerda, que é possível afirmar uma alternativa que resgate a participação política e o combate à desigualdade. Plínio fez questão de chamar atenção para o caráter absolutamente desigual da sociedade brasileira e denunciou o consenso forjado de que o crescimento da economia tem levado à melhora da vida da população. Para Plínio a destruição dos serviços públicos essenciais como saúde e educação, o aumento do lucro do capital financeiro, os juros extorsivos e o pagamento da dívida pública que consome quase metade do orçamento, são alguns dos demonstrativos de que as coisas não andam tão bem quanto tentam fazer a população acreditar.
A repercussão também deixa claro o papel nefasto que a grande mídia cumpre ao cercear o debate político e limitar a apresentação das alternativas que estão colocadas na disputa. Antes do debate, Plínio teve poucas oportunidades de expressar na chamada grande imprensa suas posições, isso interdita o debate e faz parecer aos olhos dos eleitores que não há outras opções. Nesse sentido fazemos coro com a campanha de setores que foram alijados do debate na TV e rádio, justamente porque a legislação é restritiva e só dá direito à participação a candidatos cujo partido tenha representação na Câmara dos Deputados. Vale lembrar que durante a discussão da minirreforma eleitoral o PSOL defendeu a participação nos debates na TV, rádio e internet de todos os candidatos inscritos para a disputa eleitoral, independente de sua representação na Câmara. Neste aspecto em particular, tivemos que enfrentar e derrotar a emenda apresentada pelo senador Mercadante do PT que era ainda mais restritiva, pois assegurava apenas aos partidos com 10 ou mais parlamentares a participação nos debates.
No caso da internet, o PSOL é também vítima desse processo de cerceamento, a Folha/UOL vai realizar no dia 18 de agosto o debate presidencial na web e não convidou Plínio. No debate para o governo de São Paulo, Paulo Bufalo também não foi convidado, assim como no debate de presidente, a Folha/UOL restringiu a apenas três candidatos.
Depois da boa exposição do Plínio no debate, da repercussão tanto na imprensa como nas redes sociais, com destaque para o Twitter onde chegou a liderar o treding mundial e saltou de 9 mil seguidores no dia do debate para mais de 16 mil até este sábado, cabe agora fortalecer ainda mais a campanha, ganhar às ruas, mostrar que a proposta do PSOL é consistente, é programática e tem lastro nos movimentos sociais.
A esquerda socialista pode desempenhar um papel decisivo nessas eleições, pode recolocar no debate temas fundamentais, pode servir para organizar a mobilização social e desmascarar os acordos espúrios, o poder econômico e o consenso dos poderosos expressos nas demais candidaturas.
Vamos à luta que a campanha é curta!
Secretaria de Comunicação do PSOL SP