É só uma prévia do que ainda está por vir. Matéria publicada no Estadão de hoje levanta uma questão fundamental, quem financia cada candidato? O poder econômico acaba determinando a posição de cada um no debate político. Essa questão é decisiva e precisa ser observada, os grandes interesses econômicos selam no financiamento os compromissos futuros.
Primeiro balanço de arrecadação e gastos de campanha só será divulgado na sexta-feira pela Justiça Eleitoral
O setor financeiro, mais especificamente os bancos, estão entre os principais doadores da campanha presidencial até agora. De acordo com informações colhidas pelo Estado junto às coordenações das campanhas e aos respectivos comitês financeiros, os bancos foram os doadores mais generosos neste primeiro mês da corrida eleitoral.
Os comitês financeiros teriam de apresentar até ontem o primeiro balanço parcial de arrecadação e gastos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Somente na sexta-feira a Justiça Eleitoral tornará públicas as informações. Neste balanço, no entanto, ainda não estará discriminado quem são os doadores, o que ocorrerá na primeira prestação de contas consolidada em 2 de novembro.
No caso do candidato à Presidência do PSDB, José Serra, foram arrecadados R$ 3,6 milhões, junto a cerca de meia dúzia de grandes doadores. A maior parte deles veio do setor financeiro. O partido não contou com nenhuma doação de pessoa física até o dia 29 de julho, quando foi fechado o primeiro balanço enviado para a Justiça Eleitoral.
Após aquela data o tucano recebeu uma única doação de pessoa física. O valor enviado foi de R$ 5 mil. O PSDB estipulou como teto de arrecadação na campanha R$ 180 milhões.
“Tudo está dentro das previsões. Nossa arrecadação acabou superando as despesas”, declarou o presidente do comitê financeiro, José Gregori. Os gastos alcançaram R$ 2,7 milhões.
Questionado ontem sobre o ritmo de sua arrecadação, Serra afirmou: “Preocupa. Mas espero que os recursos entrem. Às vezes, tem muito atraso nisso”.
Nesta semana, o comitê de campanha de Serra já conta com mais R$ 1,5 milhão – R$ 1 milhão da conta do partido e R$ 500 mil de novas doações.
Tabu. Depois do escândalo do mensalão em 2006, que o próprio PT atribuiu a distorções do sistema que levam ao caixa 2 de campanha, o partido trata do tema com absoluta reserva. Mas é o que conseguiu levantar mais recursos para a milionária campanha eleitoral. Arrecadou até o momento R$ 11,6 milhões.
O valor supera em três vezes o que o principal adversário, José Serra, tem em caixa, e em duas vezes e meia as doações que o comitê financeiro de Marina Silva conseguiu recolher.
“Com certeza a maior parte dos doadores são pessoas jurídicas”, afirmou o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. Apesar da quantia arrecadada ser superior ao caixa dos adversários até o momento, o presidente do PT disse que “tradicionalmente, as contribuições são mais lentas no primeiro mês de campanha eleitoral”.
Entre as despesas, destaca-se o gasto de R$ 58 mil para participação do presidente Lula no comício ao lado de Dilma na Cinelândia, no Rio. Dutra afirmou que todas as viagens de Lula para a campanha serão ressarcidas ao Tesouro. “Isso é praxe”. Na próxima prestação de contas, segundo ele, o PT informará gastos de deslocamento de Lula para comícios em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Curitiba.
Segundo Dutra, a expectativa da campanha é que seja possível chegar perto do teto previsto para uma eleição em dois turnos: R$ 157 milhões. “Todo mundo quer fazer doação legal”.
PV. No período de 10 de junho a 27 de julho, a campanha da senadora Marina Silva, do PV, arrecadou R$ 4,65 milhões. As despesas chegaram a R$ 3,58 milhões.
A quase totalidade das arrecadações saiu de grandes empresas, incluindo bancos. O maior doador individual foi o empresário Guilherme Leal, sócio da Natura – empresa do setor de cosméticos – e candidato a vice-presidente na chapa do PV. Ele doou R$ 1 milhão como pessoa física.
O dinheiro obtido na primeira fase de arrecadação corresponde a 5% do teto de gastos previstos pelo PV. Em junho, ao registrar a candidatura de Marina no TSE, o partido apresentou uma previsão de R$ 90 milhões. Desse total, R$ 6 milhões devem ser utilizados na gravação de programas de rádio e televisão para o horário eleitoral gratuito.
Os coordenadores acreditam que as doações de pessoas físicas crescerão a partir desta semana, quando entra em operação o sistema de contribuições pela internet via cartões de crédito. Segundo o acordo fechado com as operadoras de cartões, o interessado em contribuir poderá fazê-lo no site de campanha. Após informar dados pessoais e do cartão, deve optar entre doações de R$ 5, R$ 50 ou R$ 100.
Autor(es): Julia Duailibi, Malu Delgado, Roldão Arruda
O Estado de S. Paulo – 04/08/2010