Nesta semana, os jornais mostraram o posicionamento de presidenciáveis sobre a política econômica, assunto que deveria ser o principal embate eleitoral, mas que se tornou um “consenso” entre os candidatos melhor colocados nas pesquisas. Nenhum deles sequer discute as linhas mestras da política que se iniciou com FHC e prossegue na era Lula.
Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo de segunda-feira, 23, o coordenador da campanha de Dilma Rousseff (PT), Antônio Palocci, afirmou que será mantido o atual tripé de “superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante”. Em bom português: o país continuará cortando gastos sociais, deixando as pessoas nas filas dos hospitais, sem educação de qualidade, sem reforma agrária, enquanto o setor financeiro continuará lucrando alto.
Sobre o presidente do Banco Central, uma fonte próxima a Dilma teria afirmado que “Dilma disse que manteria exatamente o mesmo perfil no BC, e talvez até o mesmo presidente”, se referindo a Henrique Meirelles.
Dilma defende ainda que a Dívida Líquida do Setor Público caia para 30% do PIB, porém, cabe ressaltar que essa redução se daria por meio de mais superávit primário (corte de gastos sociais). Além do mais, a DLSP não é o melhor indicador para medir o grau de endividamento, pois ela desconta da dívida diversos ativos do governo, como as reservas cambiais, que não rendem quase nada ao país, enquanto a dívida bruta paga os juros mais altos do mundo.
Já o assessor econômico de Marina Silva (PV), Eduardo Giannetti da Fonseca, afirma equivocadamente que “houve queda no serviço dos juros da dívida pública, mas todo esse aumento de caixa está sendo usado para financiar gastos correntes crescentes”. Ou seja: Marina embarca numa campanha da grande imprensa contra a previdência pública, colocando os aposentados como vilões, enquanto esconde que os gastos com a dívida é que têm explodido.
Por outro lado, o jornal Folha de S. Paulo mostrou o posicionamento de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), que defendeu a “auditoria da dívida pública, com suspensão do pagamento dos juros e amortizações”.
Sem enfrentar o setor financeiro, é impossível garantir saúde, educação, reforma agrária, aposentadorias justas, e muitas outras necessidades urgentes do povo brasileiro.