De braços cruzados desde o último dia 05, eles reivindicam isonomia no reajuste salarial e não punição de dirigentes sindicais
Por Lúcia Rodrigues
Os funcionários da maior universidade do país estão em greve desde o dia 05 de maio. Na capital permanecem fechados os prédios da reitoria, prefeitura do campus, antiga reitoria, além dos quatro bandejões (restaurantes universitários). Nos campi de Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba e Bauru, no interior do Estado, também há unidades fechadas
Segundo o diretor de base do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) Magno de Carvalho, os funcionários reivindicam que o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo) mantenha a isonomia no reajuste salarial entre professores e funcionários da USP, Unicamp e Unesp.
De acordo com o sindicalista, este ano o Cruesp resolveu dar reajustes diferenciados para as duas categorias. Professores e funcionários conquistaram 6,57% de reajuste, que deverá ser pago em junho, mas aos docentes o Cruesp concedeu mais 6% de reajuste retroativo a fevereiro sob o argumento de que se trata de uma recomposição salarial para a reestruturação da carreira docente.
A argumentação é contestada tanto por professores quanto por funcionários. Ambos consideram que a medida quebrou a isonomia dos reajustes salariais, conquistada com a autonomia universitária, no final da década de 80.
“Não se trata de uma reestruturação da carreira docente porque foi concedido o mesmo índice para todos os professores das três universidades, foi reajuste, mesmo”, considera a diretora da Adusp (Associação dos Docentes da USP) e professora do Instituto de Matemática e Estatística, Heloisa Borsari. Para a docente, a medida fere a autonomia universitária que sempre assegurou reajustes isonômicos entre as duas categorias profissionais.
“Queremos reestabelecer o princípio da isonomia. Nossa luta agora é para conquistar os 6% de reajuste”, enfatiza o diretor do Sintusp. A não punição de dirigentes sindicais é outra reivindicação dos funcionários. Eles querem reintegrar aos quadros da USP o funcionário da prefeitura do campus Butantã e diretor do Sintusp, Claudionor Brandão, demitido no ano passado, pela ex-reitora Suely Vilela. “Também queremos a retirada (por parte da reitoria) de todos os processos contra os sindicalistas. Só contra mim a reitoria move três processos”, conta Magno.
A notícia de que haveria uma ordem judicial para a reintegração de posse dos prédios que estão com as portas cerradas não intimida os funcionários. “Os piquetes continuam, não vamos nos intimidar com isso”, frisa o sindicalista. Os trabalhadores pretendem realizar uma passeata na próxima terça-feira, dia 01, para denunciar à população o que está acontecendo na Universidade de São Paulo.
Corte de ponto
Algumas unidades da USP, como a prefeitura do campus Butantã, cortaram o ponto dos funcionários que estão de braços cruzados. A medida revoltou os trabalhadores, mas não os fez recuar da paralisação.
“Recebemos o comunicado de que nosso ponto havia sido cortado. Isso deixa a gente mais revoltado ainda. Todo mundo é pai de família, tem aluguel para pagar, tem farmácia para pagar. Mas isso não vai fazer a gente recuar. Estamos revoltados, agora é que a greve vai ficar mais forte”, revela Edgar Gonçalves da Silva, funcionário da prefeitura do campus Butantã.
O reitor da USP, João Grandino Rodas, foi procurado pela reportagem da Caros Amigos, mas não foi encontrado. Uma mensagem em seu celular indicava que o aparelho estava fora da área de serviço. Ninguém soube informar para onde a reitoria foi transferida nem onde Rodas está despachando.
A última reunião entre o Cruesp e o Fórum das Seis, entidade que representa professores e funcionários das três universidades públicas paulistas aconteceu no dia 18 de maio. Não há previsão para uma nova rodada de negociação entre Cruesp e Fórum das Seis. Segundo a professora Heloisa, os representantes do Cruesp alegaram problemas na agenda para não definir a data da próxima reunião. “O Fórum já encaminhou ofícios ao Cruesp solicitando a reabertura das negociações”, revela a diretora da Adusp. www.carosamigos.com.br