Candidato critica capitalismo, defende a reforma agrária e a suspensão da dívida externa, além de dar atenção especial à educação e à saúde
Por Lúcia Rodrigues
O candidato do PSOL à presidência da República, Plínio de Arruda Sampaio, afirmou à reportagem da Caros Amigos, que a reforma agrária e a suspensão do pagamento da dívida são as principais bandeiras que serão defendidas pelo partido durante a campanha presidencial. Plínio ressaltou ainda que a educação e a saúde também vão ter destaque em seu programa de governo.
“O principal é a reforma agrária. Reforma agrária pra valer. Outro ponto é suspender o pagamento da dívida e fazer uma auditoria nessa dívida, que aliás o deputado Ivan Valente já está liderando (na Câmara dos Deputados). Mas é fundamental pensar na educação do país, além de cuidar da saúde do povo.” Os quatro pontos serão os elementos estruturais do programa do partido para as eleições 2010.
O candidato foi aclamado pelos delegados presentes à conferência eleitoral do PSOL que aconteceu no bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, no último final de semana, e que homologou seu nome para o principal cargo do Executivo federal.
Os outros dois pré-candidatos que disputavam a indicação com Plínio, o ex-deputado federal Babá e o presidente da Fundação Lauro Campos, Martiniano Cavalcante, retiraram suas candidaturas. Babá, em apoio a Plínio. Martiniano renunciou à postulação, mas não participou da conferência oficial do partido.
A alguns quilômetros da conferência oficial, no bairro da Lapa, região central da cidade, o grupo de Martiniano, liderado pela ex-senadora Heloisa Helena, se reuniu com militantes ligados a duas das nove tendências do partido e realizou uma reunião paralela que oficializou a renuncia à candidatura presidencial.
Racha
A divisão entre os apoiadores de Martiniano e os de Plínio se deveu a concepção de programa que deve ser defendido durante a campanha de 2010. Antes da Conferência, o grupo de Heloísa Helena e Martiniano chegou a defender, inclusive, que o PSOL não lançasse candidato à presidência da República e que deveria apoiar a candidatura da senadora Marina Silva pelo PV.
Heloísa e Martiniano também querem que o partido faça uma campanha baseada centralmente na discussão moral sobre a corrupção no país. Os apoiadores de Plínio reivindicam que o programa do partido esteja centrado na defesa do socialismo e são contra uma visão moralista da política.
O grupo de Martiniano teve nomes impugnados para a conferência eleitoral devido às fraudes que teriam sido cometidas nas escolhas desses delegados. A direção partidária detectou fraudes nas delegações do Acre e de Roraima. Esses delegados não foram reconhecidos pela conferência eleitoral e tiveram o credenciamento rejeitado. Mas mesmo que todos os delegados do grupo de Martiniano tivessem sido aceitos na conferência eleitoral não reverteriam o resultado favorável a Plínio Sampaio.
A ex-senadora Heloisa Helena e atual presidente do PSOL atribuiu a responsabilidade pela impugnação dos delegados apoiadores de Martiniano ao PSOL paulista. “Nós ficamos muito tristes com essa situação. Por mais que eu tenha muito amor por São Paulo, o PSOL paulista não pode rasgar o mapa do Brasil e da construção partidária.” Para ela, a única forma de superar as divergências é a realização de um congresso extraordinário do partido.
Unidade
Plínio foi ovacionado pelos delegados presentes à Conferência. “Ele é de luta, é coerente, Plinio Sampaio presidente”, foi a palavra de ordem que antecedeu o discurso do candidato à presidência da República. Em sua intervenção, Plínio fez questão de agradecer ao ex-deputado federal Babá e aos militantes das correntes do partido pelo apoio recebido. Ele foi apoiado por sete das nove tendências do PSOL. “Tiveram a capacidade de navegar em um mar cheio de rochedos e conduzir suas jangadas sem bater, sem afundar”, numa clara alusão à disputa interna.
Plínio fez um discurso contundente de ataque ao capitalismo. “Nós somos contra tudo isso que está aí. Nós somos contra o regime, não contra o Lula, o Lula é um pedaço. Somos contra o sistema. Somos contra tudo o que está organizado nesta sociedade. Queremos transformar, queremos revolucionar.”
Citando o filósofo húngaro István Mészáros destacou que o capitalismo vive atualmente uma crise sistêmica. “Não tem nenhuma condição de resolver os problemas da humanidade. O socialismo é eterno, a proposta comunista é eterna. Porque pode se reinventar em cada conjuntura histórica. Cabe a nós fazermos isso no Brasil. Esse é o nosso desafio”, ressalta.
Fonte: Caros Amigos