Subo a esta tribuna para fazer uma breve referência à realização da III Conferência Eleitoral Nacional do PSOL. Nosso jovem partido, desde sua fundação comprometido com o socialismo e a democracia, viveu no último final-de-semana mais um importante episódio de sua ainda breve existência. Com a decisão da ex-senadora Heloísa Helena de concorrer a uma vaga ao Senado por Alagoas, coube ao partido, de forma democrática e ouvindo o desejo de nossa militância, decidir entre três pré-candidatos à Presidência da República quem representará nosso projeto nas eleições deste ano.
Além desta decisão, nossa III Conferência Eleitoral também definiu as bases e diretrizes do programa do PSOL à disputa eleitoral. Entre os três pré-candidatos, estavam o ex-deputado federal João Batista, o Babá, paraense historicamente vinculado às lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do meu querido Pará; o engenheiro Martiniano Cavalcanti, dirigente do Movimento Terra Trabalho e Liberdade – MTL; e o ex-Deputado Constituinte e Presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, Plínio de Arruda Sampaio. Todos nomes identificados com o programa do PSOL e que se confundem com a própria história da esquerda brasileira.
Apoiado por mim, pela maioria da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, pela maioria dos agrupamentos que se organizam no interior do partido e por dezenas de intelectuais e lideranças políticas de esquerda, venceu o companheiro Plínio de Arruda Sampaio, com o voto de 89 dos 177 delegados aptos.
Aos 79 anos de idade e mais de 50 anos de vida pública, Plínio Arruda Sampaio é promotor público aposentado e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela Universidade de Cornell, EUA. Com uma trajetória marcada pela atuação junto à Igreja Católica, é também um defensor da reforma agrária no país, sendo atualmente presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).
Em seu primeiro mandato como deputado federal, entre 1963 e 1964, foi relator do projeto de reforma agrária do governo João Goulart. Com o Golpe Militar, engrossou a primeira lista de cassados e foi para o exílio. À época, o cargo de promotor público que exercia desde 1954 também foi cassado – só sendo reconhecido novamente em 1984, quando foi anistiado e aposentado.
Plínio trabalhou na ONU, em programas de reforma agrária, desenvolvimento rural e desenvolvimento da pequena agricultura. Entre 1964 e 1970, atuou no Chile, no governo de Eduardo Frei. De 1965 a 1975 foi diretor de programas de desenvolvimento da FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação, trabalhando em todos os países da América Latina e Caribe. Desde 1975 atua como consultor da entidade.
Um dos fundadores do PT, Plínio foi deputado federal constituinte e candidato a governador em 1990 e em 2006, já pelo PSOL. Com a crise do mensalão, que revelou as relações escusas entre governo e parte da base aliada, rompeu com o PT e ingressou no PSOL, sendo uma entre as tantas lideranças que ingressaram no partido fundado pelas lideranças populares e parlamentares expulsas do Partido dos Trabalhadores em 2003.
Não tenho dúvida de que Plínio é o nome que melhor representa todo o acúmulo da esquerda socialista e democrática em nosso país, sendo o único nome capaz de unificar outros partidos que, como o PSOL, também optaram por não participar do grande pacto que consumiu parte importante do projeto da esquerda brasileira. Apenas o PSOL, liderado pelo companheiro Plínio de Arruda Sampaio pode representar um projeto de ruptura com a dependência externa, de exclusão e miséria que assola nosso país em seus quinhentos anos de história. O PSOL não aceitará uma eleição plebiscitária. O povo terá uma terceira via, que não aceita o retrocesso nem os limites impostos pelo pacto entre capital e trabalho. Essa terceira via é o PSOL, é Plínio de Arruda Sampaio, é a via do socialismo e da democracia.
Muito obrigado!