Em 2009, até 14 de novembro, o Orçamento Geral da União destinou R$ 270 bilhões para juros e amortizações da dívida, mesmo desconsiderando-se a chamada “rolagem”, ou seja, o pagamento de amortizações por meio da emissão de novos títulos. Enquanto isso, foram gastos somente R$ 43 bilhões com saúde, R$ 24 bilhões com educação, e R$ 1,67 bilhão com Reforma Agrária. Os servidores públicos, geralmente apontados como vilões das contas públicas, receberam menos da metade dos gastos com a dívida (R$ 131 bilhões), enquanto as aposentadorias do INSS (também apontadas como o bode expiatório do orçamento) representaram R$ 92 bilhões a menos que o gasto com a dívida.
Para dispor de tamanha quantidade de recursos para o pagamento da dívida, o governo federal lança mão de diversas fontes de recursos, que vão muito além do chamado “superávit primário”. Por exemplo: R$ 26 bilhões de juros e amortizações pagos pelos estados e municípios (que arrocham seus orçamentos para pagar suas dívidas com a União), R$ 110 bilhões do lucro do Banco Central do ano passado, R$ 9 bilhões de lucros das estatais, R$ 9 bilhões de tributos, R$ 25 bilhões do rendimento da Conta Única do Tesouro Nacional, e R$ 38 bilhões de emissão de novos títulos para pagar juros.
Mesmo em meio a esta verdadeira farra dos rentistas, não há nem R$ 3,5 bilhões para o aumento reivindicado pelos aposentados.
Rodrigo Ávila – da liderança do PSOL na Câmara dos Deputados