O Relatório sobre a Situação da População Mundial 2009 , publicado nesta quarta-feira (18) pelo Fundo de População das Nações Unidas, revela que as mudanças climáticas devem provocar impactos mais rigorosos nas mulheres.

Mulheres sudanesas com criaças formam fila em New Rier, na região central do Sudão, para receber água, em 11 de novembro. A região sofre com o problema da contaminação dos rios, provocada pela indústria de petróleo. (Foto: AFP)
O relatório, segundo o fundo, procura inovar ao colocar os problemas do aquecimento global em uma perspectiva humana, questionando como as atuações individuais podem influenciar nos impactos.
Trata-se de “mobilizar o poder de homens e de mulheres para reverter o aquecimento da atmosfera da Terra e lançar uma estratégia global de longo prazo genuinamente efetiva para lidar com a mudança do clima”, segundo Thoraya Ahmed Obaid, diretora-executiva do fundo.
O documento conclui que os acordos internacionais e as políticas de cada país para combater os efeitos da mudança do clima terão mais sucesso no longo prazo se levarem em conta as dinâmicas populacionais, as relações entre os gêneros e o bem-estar das mulheres e seu acesso a serviços e oportunidades.
Uma da conclusões é que os impactos seriam minorados por um crescimento populacional mais lento. Mas essa não é a única questão demográfica que influi no aumento de emissões de gases de efeito estufa.
A composição domiciliar é outra variável importante, segundo o relatório. Estudos demonstraram que o consumo de energia per capita de domicílios menores pode ser mais alto do que o de domicílios maiores. A mudança de estrutura etária e a distribuição geográfica entre campo e cidade também têm influência.
As mulheres, principalmente as dos países pobres, devem ser mais afetadas que as dos países ricos, principalmente pelo fato de serem a maior parte da força de trabalho agrícola e por terem acesso a menos oportunidades para gerar renda.
Elas, sempre segundo o relatório, administram suas casas e cuidam das famílias, o que diminui sua mobilidade e aumenta sua vulnerabilidade quando ocorrem desastres climáticos.
Tudo isso, segundo o texto, gera um “ciclo de privação” que compromete o combate aos efeitos da mudança do clima e que deve ser mais bem estudado.
O relatório cita texto da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, ou CIPD, que comclui que, sendo atendidas as necessidades de planejamento familiar e saúde reprodutiva, bem como outros serviços básicos de saúde e educação, haverá uma estabilização natural da população, “sem necessidade de coerção”. Além disso, o texto propõe melhora no acesso das meninas à educação e medidas para aumentar a igualdade entre os sexos. Isso, a longo prazo, contribuiria para diminuir as emissões de gases de efeito estufa.
Fonte: Portal G1