Por Pedro Ekman
Em 11 de setembro aviões rasgam o céu e deixam um rastro de destruição que mudaria a história do continente americano. Um ataque brutal é desferido contra uma democracia construída por um povo soberano.
Os ataques de 11 de setembro mudaram o rumo da história de um país que se afirmava com líder no continente americano para transformá-lo em um agente do terrorismo de Estado da tortura. Nesta ofensiva contra as forças democráticas, milhares de civis pagaram com a vida o preço da intolerância e o mundo se perguntava atônito se o mesmo aconteceria a todos os países que empunhassem a bandeira azul, vermelha e branca da liberdade.
É inaceitável que um povo seja covardemente atacado por outro, simplesmente por se propor a construir uma sociedade com princípios distintos de seus agressores. A violência praticada pelos EUA contra o povo chileno em 11 de setembro de 1973 é simplesmente inaceitável.
Nesta data, o governo democraticamente eleito do socialista Salvador Allende foi violentamente deposto pelo golpe militar liderado por Augusto Pinochet em conjunto com as forças militares estadunidenses. Allende que morreu resistindo ao bombardeio do palácio presidencial La Moneda. A intolerância do império a qualquer experiência que buscasse libertar seu povo da colonização histórica a que se submetia deixou um rastro de destruição com milhares de mortos, desaparecidos e torturados no extenso território andino. O país que liderava um processo de transformação sem precedentes na América latina é transformado em agente do terror por uma das mais terríveis ditaduras que se instala neste continente.
O exemplo de Allende marca a história e permite que as forças revolucionárias se preparem para resistir à mesma intolerância conservadora que se repetiria ao longo da história. Este exemplo foi fundamental para a história do trágico destino chileno não se repetisse na Venezuela e na Bolívia. O exemplo de Allende sobreviveu na resistência do povo venezuelano e boliviano aos golpes e sabotagens orquestrados contra os governos de Chávez e Morales pelos mesmos atores históricos. Em Honduras não será diferente, o povo nas ruas não permitirá que as sombra de Pinochet se abata novamente sobre os povos.
A solidariedade ao povo estadunidense e às vítimas do atendado às torres gêmeas em Nova York em 11 de setembro de 2001 deve ser intensificada e reafirmada a cada ano. Mas é imperativo que as marcas de uma tragédia recente não soterrem uma história de ataques a soberania dos povos.
Em 1994 o governador do estado de São Paulo Mário Covas mudava o nome da Rodovia dos Trabalhadores para Rodovia Ayrton Senna em homenagem ao herói do automobilismo brasileiro que, assim como as torres gêmeas, caiu tragicamente diante das câmeras .
Não podemos fazer o mesmo com a memória dos trabalhadores latino americanos.
Pedro Ekman é Secretário Geral do PSOL da cidade de São Paulo.