Por Aldo Santos
O mundo inteiro vem acompanhando com apreensão o que vem acontecendo em Honduras, onde a população foi violentada com um golpe de estado , onde o presidente eleito foi deposto e o desfecho final está em aberto, pois existem muitas especulações, interesses e definições geopolíticas .
Para Wendy Cruz, da Via Campesina em Honduras, o presidente do país, Manuel Zelaya, deposto por meio de golpe de Estado no dia 28, queria “abrir uma brecha para que o povo conquiste sua emancipação” ao propor uma consulta sobre uma Assembléia Constituinte, esse foi o motivo da reação dos “grupos de poder econômico do país, monopolizado por 13 famílias”.(Em entrevista por correio eletrônico ao Brasil de Fato).
Como podemos ver, esse fato é profundamente lamentável e preocupante , pois vai na contra mão da história, uma vez que cresce no mundo inteiro a consciência crítica, contra a opressão e o Estado de exceção.
Esse episódio serve dentre outras coisas para um profundo balanço das forças populares e antiimperialista, que vem acumulando importante capital político de resistência ao neoliberalismo através das eleições direta com o fortalecimento de instâncias como a Alternativa Bolivariana das Américas (Alba) que vem gestando políticas e alianças em vários países da América Central e América do Sul.
A tentativa de descontinuidade dessa caminhada na América é preocupante, pois poderá servir de referência para os reacionários de plantão que estão vivos e articulados , tentando restabelecer suas ordens, seu poder contra o avanço democrático, conforme descrição acima desse fato abjeto.
Embora grande parte desses Presidentes vinculados e sintonizados politicamente à Alternativa Bolivariana das Américas sejam reformistas e expressam contradições no interior de seus países, é inegável o papel que cumprem na América como um todo, no tocante a solidariedade entre os povos ,no enfrentamento e combate ao neoliberalismo e ao imperialismo norte-americano.
Esse imperialismo tente se apresenta com “nova roupagem” buscando reconstruir e reconquistar espaços perdidos , em que pese sua doutrina expressar os velhos paradigmas dominantes.Não nos iludamos sobre suas estratégias mundiais de controle e dominação do neo-imperialismo sobre os povos do mundo inteiro .
O Presidente golpista de Honduras está com seus dias contados, pois além da condenação internacional, cresce internamente as manifestações e o cerco aos golpistas que estão a serviço do capitalismo e de algumas famílias capitalistas que historicamente tem controlado o país.
É fundamental que se avance na implantação do Socialismo Científico na região, onde os países que propagandeiam essa bandeira, possam articular o imediato retorno de Zelaya ao legítimo posto de poder, restabelecendo as regras para o verdadeiro diálogo e avanço político junto ao seu povo.
O tabuleiro político está com o jogo em estado avançado, com vários atores e interesses envolvidos nesse fato.O papel de Presidente Zelaya é determinante na liderança desse processo, tomando a dianteira e liderando mais esse episódio que requer pulso firme, coragem e determinação para dentro e fora de seu país.
Boa parte das forças reacionárias de boa parte das Américas está “dominada”, mais não estão vencidas ou mortas e todo apoio interno e externo é fundamental para que possamos esmagar mais essa ofensiva da Extrema direita em Honduras e nas adjacências.
As tentativas de mediação pelo governo de Costa Rica na prática têm levado ao isolamento de Zelaya, que não deveria sequer aceitar sentar–se a mesa com golpistas e sanguinários.
É fundamental que os países que reivindicam o socialismo do Século XXI e que estão alinhados com a Alba, tomem a dianteira dessa luta, pois o fracasso da mesma significa importante vitória da extrema direita, que terá impacto e desdobramento nos demais países da América. Não podemos ter confiança no neo-imperialismo Americano e nos países que estão submetidos ao mesmo .
É fundamental um corte político ideológico ,inclusive em relação a que tipo de Socialismo queremos e defendemos, pois a luta de classe ganha novos contornos com esse enfrentamento em Honduras, vez que definições claras e objetivas se fazem necessárias para ganhar corações e mentes na luta por um mundo novo, justo e livre desses golpistas e de todos aqueles que querem submeter o povo ao permanente regime de exclusão e escravidão econômica.
“aceitas o jugo e te convertes em boi, tens palha quente e gostosa e muita aveia, podes comer e garantir um teto se obedeces, se baixas a cabeça e aceitas ser ordenhado; ou podes abraçar a estrela, a estrela que ilumina e mata, dá tanta luz que muitos têm medo dela e te deixam sozinho, porém, como és capaz de criar, cresces” (José Martí, Yugo y Estrella)
Lutar é preciso.
Aldo Santos é sindicalista, membro do Diretório Nacional e Presidente do Psol em São Bernardo do Campo.