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A estratégia especial adotada pelo Metrô para a passagem do “Megatatuzão” (Shield – EPB) – equipamento usado na construção do túnel da Linha 4- na estação Republica foi uma decisão essencialmente política do governador Serra que não levou em conta a opinião técnica dos trabalhadores do Metrô.
Inúmeras regras básicas de segurança foram quebradas. Primeiro a data escolhida para operação não poderia ser pior. Final de semana prolongado com Virada Cultural, que segundo levantamento da prefeitura levou as ruas de São Paulo cerca de 4 milhões de pessoas, e compras na 25 de março por causa da proximidade do dia das mães.
O sistema operou de Barra Funda até Santa Cecilia e de Anhangabaú até Itaquera. A escolha da estação Anhangabaú como estação final de um dos trechos foi desastrosa. Uma estação sem plataformas laterais, com embarque e desembarque pela mesma plataforma, sem equipamento de mudança de via e com apenas um acesso a área externa aberto.
O “choque” entre usuários entrando e saindo da estação, ou entrando e saindo dos trens, era inevitável. A plataforma ficava constantemente super-lotada com risco de queda de usuários na via. Alguns usuários levaram até 30 minutos para conseguir deixar a Anhangabaú, a mais próxima dos principais palcos da Virada.
No sábado a estação Anhangabaú ( foto publicada no Jornal da Tarde) teve que ser fechada para embarque duas vezes porque a situação estava fugindo totalmente ao controle.
Também a circulação dos trens foi prejudicada nas demais estações em função da opção Anhangabaú, pois os trens só podiam mudar de via a leste da estação Sé, aumentando o tempo de viagem dos usuários.
Todos os funcionários do Metrô sabem que o correto seria utilizar a Sé como estação final, ou seja, a operação deveria ser de Barra Funda a Santa Cecilia e de Sé a Itaquera.
Até os usuários sabem disto, segundo matéria publicada no Jornal da
Tarde de domingo, o porteiro Vanderlei da Silva Mariano, de 43, procurou os funcionários do Metrô para perguntar “por que a baldeação não foi feita numa estação maior, como a Sé”.
O que eles não sabem é que para viabilizar o retorno dos trens na estação Anhangabaú, se alterou o sistema de segurança de via de tal forma que era possível se alinhar uma rota conflitante de trens com alteração do código de via.
A operação foi caótica prejudicando a vida dos usuários. Só não ocorreu uma tragédia graças ao empenho, profissionalismo e dedicação de todos os companheiros metroviários que trabalharam nesta operação. Também contribuiu para evitar acidentes graves a paciência e disciplina dos usuários do Metrô. Mas não podemos aceitar que a vida e segurança dos funcionários e usuários do Metrô seja colocada em risco por operações comandas por interesses políticos eleitorais.
Do site da INTERSINDICAL