Com o auditório Franco Montoro lotado, foi lançada na noite desta quarta-feira (29) a Frente Parlamentar de Solidariedade a Cuba. Impulsionada pelo mandato do deputado estadual Raul Marcelo (PSOL/SP), a iniciativa já é integrada por outros 19 parlamentares e tem por objetivos fortalecer a campanha pela libertação dos cinco cubanos antiterroristas presos nos Estados Unidos desde 1998 submetidos a diversas violações de direitos humanos, estreitar os laços entre os povos brasileiro e cubano por meio de ações dos parlamentos dos dois países. A Frente também se somará às iniciativas nacionais e internacionais pela derrubada efetiva e total do bloqueio econômico imposto pelos EUA à ilha desde 1962, numa tentativa de sufocar a opção pelo socialismo do povo cubano.
Dezenas de entidades, jovens, militantes e autoridades participaram do lançamento da Frente Parlamentar, que também vai articular os movimentos sociais para as iniciativas de apoio ao povo cubano.
As falas em geral foram bastante emocionadas em defesa da revolução cubana e em apoio ao povo que tem sido um exemplo de solidariedade internacional. Falaram no evento Marcelo Chaves (da Associação de Familiares e Amigos de Estudantes em Cuba), Márcia Campos (da Federação Democrática Internacional das Mulheres), Clara Sharf (integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher), José Batista (da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Vivian Mendes (do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba), o jornalista Gilberto Maringoni, Plínio de Arruda Sampaio (Presidente da ABRA e consultor da FAO/ONU) e Elza Lobo, histórica ativista do movimento de solidariedade a Cuba. Além dos deputados Vicente Cândido, Simão Pedro, Adriano Diogo, Pedro Bigardi e Carlos Giannazi.
O músico gaúcho Pedro Munhoz deu mais brilho e emoção à noite, tocando belos exemplares do cancioneiro latinoamericano, de Pablo Milanés à Hasta Siempre Comandante, de Carlos Puebla, que encerrou o ato.
Apoio à validação dos diplomas
Entre as primeiras iniciativas práticas assumidas pela Frente, o deputado Raul Marcelo anunciou uma moção pela aprovação do Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Cultural e Educacional firmado entre os Governos Brasileiro e Cubano para o Reconhecimento de Títulos de Medicina expedidos em Cuba, celebrado em Havana em 15 de setembro de 2006 e atualmente na Câmara dos Deputados.
Cuba tem hoje mais de 30 mil médicos estrangeiros formados em solo cubano, que disponibiliza todos os anos 100 bolsas para brasileiros. Mas até hoje os diplomas não são reconhecidos pelo Ministério da Educação do Brasil.
Como parte das atividades de lançamento da Frente Parlamentar, os presentes também puderam visitar uma exposição fotográfica que teve início um dia antes no hall Monumental da Alesp.
“A América Latina toda esteve em Cuba”
Plínio de Arruda Sampaio recordou os períodos em que esteve no país e destacou a receptividade e a formação político-intelectual do povo cubano, como os principais elementos que o fazem apoiar todas as manifestações de solidariedade à ilha. “Podem falar o quiserem dessa revolução, mas ela é realmente uma lição para toda a humanidade”.
Muito emocionada, Clara Scharf ressaltou que “Cuba foi a mãe e o pai de todos os revolucionários desse continente. A América Latina toda esteve em Cuba”. Lembrando os milhares de exilados das ditaduras que oprimiram os países latinoamericanos nas décadas de 1960 a 1980, Clara emocionou-se ao lembrar dos nove anos que viveu na ilha durante o exílio a que foi submetida pelo regime militar brasileiro. “Estou muito feliz com a presença do Cônsul aqui hoje, porque o sentimento de amor, carinho e respeito pela revolução cubana a gente tem que expressar na frente de um cubano”, disse ela, que encerrou sua fala lembrando que “a permanência da revolução cubana por 50 anos só se explica porque o povo cubano sempre apoiou essa revolução”.
“O bloqueio está aí, não mudou nada”
O convidado de honra da noite, embaixador Carlos Trejo Sosa, o Cônsul Geral de Cuba em São Paulo, voltou a ressaltar o compromisso de seu país com a solidariedade internacional, destacando os mais de “30 mil médicos levando saúde não só à América Latina, mas também a países como o Timor e outros”. E ressaltou que “o povo que contribui para acabar com duas cegueiras: a da visão e a do analfabetismo” continuará mantendo-se firme em seu caminho.
O embaixador também fez questão de frisar que toda a agitação midiática em torno ao levantamento do bloqueio promovido pelos Estados Unidos contra o país até agora não resultou em medidas concretas, e que é fundamental manter a campanha internacional contra as agressões do império à revolução cubana. “O bloqueio está aí, não mudou nada. A prisão de Guantánamo não foi devolvida ao povo e a humilhante prisão de nossos cinco heróis continua”.
Do site do
Deputado Estadual Raul Marcelo