Centenas de milhares de pessoas foram às ruas nesta sexta-feira em todo o mundo por ocasião do Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, em manifestações muitas vezes marcadas pela repressão policial e num momento de grave crise econômica.
Uma multidão passa pela Praça da Revolução, em Havana, em marcha do 1º de maio
Na Alemanha, 500 mil pessoas saíram às ruas para expressar sua indignação em um país que prevê sua pior recessão desde o pós-guerra. Nas principais cidades houve enfrentamentos entre ativistas de esquerda e provocadores de organizações neonazistas que em muitos casos contaram com o apoio da polícia para tulmutuar as manifestações de protestos contra a crise.
Na Turquia, os enfrentamentos duraram várias horas em Istambul, onde manifestantes foram duramente reprimidos por políciais que usaram bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água para reprimir os manifestantes.
Na França, cerca de 1,7 milhão de trabalhadores foram às ruas. Pela primeira vez na história, todos os sindicatos franceses apareceram unidos neste 1o de maio, criticando a política do presidente Nicolas Sarkozy. A contestação decorrente da crise econômica se radicalizou muito na França, com ações que contaram com a retenção de vários presidentes de empresas para forçar as negociações e a manutenção dos empregos
Na Itália, os líderes do maiores sindicatos do país se reuniram em L’Aquila, em sinal de solidariedade com as vítimas do terremoto que devastou a região no mês passado.
Mais de 10.000 pessoas foram às ruas em Madri para protestar contra a crise econômica. Com uma taxa de desemprego de 17,36%, a mais alta da União Europeia (UE) a Espanha é um dos países europeus mais abalados pela crise.
Em Varsóvia, manifestantes se reuniram diante da sede do Parlamento clamando por “liberdade, igualdade e socialismo”.
Em Viena, cerca de 100.000 pessoas foram às ruas para pedir uma maior “igualdade fiscal”, e 20 pessoas foram feridas em confrontos entre policiais e manifestantes em Linz, no norte da Áustria.
Manifestações também ocorreram em Tóquio, Seul e Manila, assim como em alguns países africanos, para denunciar o alto custo da vida e pedir a diminuição dos preços dos produtos mais consumidos.
Em Cuba, quase um milhão de trabalhadores se reuniram na Praça da Revolução, em Havana, para pedir o fim do embargo americano, enquanto Fidel Castro clamava na imprensa que seu país “nunca se submeterá”.
Na Bolívia, o presidente Evo Morales liderou em La Paz uma manifestação de operários e camponeses para celebrar o dia 1o de maio.
Além disso, mais de 20 pessoas foram detidas em Santiago do Chile, durante confrontos entre trabalhadores e policiais.
No México, foco da epidemia de gripe suína, o Dia do Trabalhadores passou em branco, com a maioria das pessoas enclausuradas em suas casas.
Com informações de agências
Turquia: 1º de Maio com repressão policial
01-Mai-2009
O 1º de Maio voltou a ser dia feriado na Turquia, mas os trabalhadores não puderam celebrá-lo na Praça Taksim, onde ocorreu o “1º de Maio Sangrento”, em 1977, quando 36 pessoas foram mortas pela polícia. Este ano, o governo autorizou uma manifestação noutro local da cidade, mas mais de 5.000 pessoas estiveram na Praça Taksim, onde foram repelidas pela polícia, com água, gás lacrimogéneo e cães.
Mais de 5.000 pessoas, ligadas a duas centrais sindicais (DISK e KESK), vários sindicatos, organizações internacionais do trabalho, grupos feministas e movimentos de esquerda juntaram-se na Praça Taksim, em Istambul, para celebrar o Dia do Trabalhador, que na Turquia não era assinalado com um feriado desde 1977 (ver fotos aqui ou aqui)
O 1º de Maio de 1977 ficaria conhecido como “1º de maio Sangrento”, em resultado da brutal intervenção policial então ocorrida, que resultou na morte de 36 manifestantes. Desde então, o governo turco aboliu o feriado e não tem autorizado manifestações no Dia do Trabalhador. No entanto, essas manifestações têm ocorrido, sempre com forte repressão policial, como foi o caso do ano passado (ver videos aqui ou aqui).
Este ano, o governo voltou a decretar dia feriado no 1 de Maio e autorizou uma manifestação, mas sem permitir o acesso à Praça Taksim, onde as maiores centrais sindicais turcas pretendiam concentrar-se, para assinalar e homenagear as vítimas do massacre de 1977. O governo apenas autorizou uma concentração na zona asiática da cidade, longe da Praça Taksim.
As centrais sindicais presentes na Praça Taksim criticaram a central Hak-Is por ter aceite fazer a manifestação de 1 de Maio noutro local e cerca de 500 pessoas afectas a esta central sindical acabaram por também participar na concentração na Praça onde se assinala o massacre de 1977.
Apesar da proibição, mais de 5.000 pessoas acabaram por se juntar nesta Praça, tendo-se registado confrontos com a polícia, que resultaram na detenção de 108 pessoas e em 47 feridos (26 polícias e 21 civis).
Do site Esquerda.net