Por Aldo Santos
O Movimento dos Trabalhadores Rurais e a Via Campesina instituíram o dia 17 de abril como o dia internacional de luta dos camponeses pela reforma agrária, homenagem aos lutadores assassinados em Eldorado dos Carajás. Os assassinos desse massacre continuam impunes até hoje.
No dia citado acima, ocorreu o massacre por ocasião da resistência do movimento organizado que culminou com a morte de 19 trabalhadores rurais, centenas de feridos e dezenas de mutilados.
Outros massacres somam-se a esse, como o do Carandiru em 1992 e o da Candelária em 1993 e, da mesma forma, os criminosos são premiados com a impunidade institucional, conforme ato da governadora Ana Julia que promoveu policiais que atuaram contra os sem-terra no referido massacre de Carajás.
“Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre, pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo”.(Jornal Brasil de Fato).
Na verdade os Movimentos dos Sem-terra e Sem-teto estão numa encruzilhada, pois ao mesmo tempo em que “nutrem” expectativas em relação ao atual governo, a esquerda entende que não, vez que ele fez uma opção de classe e não vai implementar a tão sonhada e necessária reforma agrária e urbana.
O Agronegócio domina e absorve os investimentos no campo, em detrimento da agricultura familiar e de projetos mais ousados no âmbito da socialização dos meios de produção e bens de caráter coletivos.
O mérito do Movimento Sem-terra é fundamental na ampliação da massa crítica e no enfrentamento ao governo federal, estadual e municipal.
A nossa caracterização é de que o governo Lula virou as costas para o movimento rural e propagandeia eleitoralmente uma política urbana que não vai resolver de fato as demandas existentes no Brasil.
Diariamente, e em especial nesse dia internacional de luta pela reforma agrária e urbana, retomamos e rememoramos as grandes lutas e batalhas travadas nesse país em defesa do direito de moradia acima do direito a propriedade.
Num primeiro momento, invadiram o país dos nossos nativos, instituíram a divisão das terras através das capitanias hereditárias, lei da terra e outras .
O que de fato não se muda é a concentração de riqueza, propriedades e concentração de terras no meio rural e no meio urbano, a serviço dos latifundiários e da especulação imobiliária .
É fundamental que o movimento retome o caminho da luta como condição básica para a solução da falta de moradia e distribuição de terra, já que os governos mesmo de origem social humilde, assumem o Estado de direito, que no capitalismo significa o direito dos ricos à custa do silêncio e exclusão dos empobrecidos.
Nenhuma confiança no governo brasileiro, tanto em relação à luta pela solução das demandas no campo, quanto nas demandas urbanas, pois a única saída é a retomada do caminho da luta, de união e organização dos sem-terra e sem-teto via ação direta dos Trabalhadores.
Lutas importantes no meio urbano e rural apontaram o caminho de ação e conquistas, uma vez que grande parte das grandes cidades foi e é fruto de ocupações, lutas e resistências dos índios, negros e operários.
Que o Dia Internacional de luta pela reforma agrária se transforme numa grande utopia revolucionária onde a divisão, a socialização e a partilha seja uma conquista de fato e se transforme numa cultura permanente da nova realidade .
A luta faz a história e muda a lei!
Aldo Santos é ex-vereador de São Bernardo do Cmapo, membro do Diretório Nacional e presidente do PSOL em São Bernardo do Campo.