Por Márcio Bento
Na próxima sexta-feira, dia 1º de maio, manifestações no mundo inteiro acontecerão para celebrar o dia internacional da classe trabalhadora. Dia marcado pelos 123 anos do massacre de Chicago, quando milhares de trabalhadores foram barbaramente reprimidos por lutar pelos seus direitos nos Estados Unidos.
O 1º de maio deste ano acontece num momento crítico, em meio à maior crise econômica dos últimos 70 anos, em meio à onda de desemprego e ataques aos direitos sociais duramente conquistados. Esse cenário de ataques tem gerado forte reação dos trabalhadores em várias partes do mundo, como no caso da França, país que já contabiliza 2,5 milhões de desempregados e onde está previsto para o 1º de maio uma nova onda de manifestações unificadas, similar às duas greves que já ocorreram neste ano.
No Brasil, infelizmente, os atos serão divididos e em muitos casos não serão manifestações de luta e sim megaeventos patrocinados com dinheiro público e de empresários, com shows e sorteios de carros e apartamentos, um verdadeiro estelionato que algumas centrais sindicais fazem com a história e o papel do primeiro de maio. Por outro lado, há os setores que resistem e mantém acesa a chama de luta. Neste ano, em São Paulo, mas também em várias capitais, os setores combativos vão realizar atos que recuperam a história de luta dos trabalhadores e levantam uma plataforma de resistência aos ataques do capital.
O Ato em São Paulo será na Praça da Sé, a partir das 10:30 horas e está sendo organizado pela Intersindical, Conlutas, Pastoral Operária, MST, MTST e pelos partidos de esquerda, PSOL, PSTU e PCB, além de outras entidades e organizações.
A crise e as experiências de lutas em curso na América Latina recolocam a atualidade do programa Democrático e Popular, a necessidade de um programa que parta das reivindicações atuais e imediatas do nosso povo e leve por meio das lutas e mudanças estruturais à conclusão de que não há saídas para os trabalhadores ao não ser no campo do socialismo. A resistência à crise significa essa possibilidade, significa a falência do ideário neoliberal e de toda a propaganda irresponsável de que o mercado por si só poderia solucionar os problemas.
O governo se esforça em dizer que a crise já passou e agora Lula saí com a pérola de que a crise é psicológica, que houve “certo bloqueio” por parte dos brasileiros na compra de produtos que, em uma situação normal, eles continuariam comprando. Ora, o bloqueio é claro, mas não subjetivo, as pessoas estão receosas sim, quando vêem a onda de desemprego, o aumento da inadimplência, a queda na produção industrial e nas vendas do comércio, o aumento das taxas de juros para se contrair um empréstimo. Enfim, os brasileiros estão apreensivos e isso se justifica. Querer negar a realidade é uma tremenda irresponsabilidade que terá conseqüências imediatas. Assim o governo, ao invés de tomar medidas que de fato enfrentem a crise e proteja os direitos dos trabalhadores, prefere flertar com o perigo, continua remunerando como nunca o capital especulativo, ajuda banqueiros, empreiteiros e montadoras e insiste em minimizar os problemas. Já a grande mídia com sua arte diversionista vive a procura de pautas que não chamem a atenção para a crise econômica e suas conseqüências, na tarefa constantemente a ela atribuída de fazer crer às pessoas que estamos em absoluta normalidade, de não colocar em risco a ordem econômica, os interesses poderosos dos grandes anunciantes que financiam as penas de aluguel. Nesse quadro, é óbvio que a população está temerosa, pois sentem suas condições de vida se deteriorar e não vêem nenhuma medida enérgica do governo para enfrentar de forma estrutural a crise econômica.
O 1º de maio é um bom momento para responder à crise, para reafirmar que os trabalhadores e as trabalhadoras não pagarão por uma crise que eles não fizeram e para preparar as lutas que virão.
Viva a luta da classe trabalhadora!
Márcio Bento é membro da executiva estadual do PSOL/SP.