Por: Sindicato dos Químicos de São José dos Campos
Os trabalhadores e trabalhadoras da Johnson deflagraram greve na empresa, ontem, 22, no terceiro turno por reivindicações específicas na fábrica. Hoje, durante a assembleia no primeiro turno, às 6h, e no horário administrativo, às 7h30, a empresa acionou a tropa de choque da PM para impedir a assembleia, negar o direito de greve e massacrar os trabalhadores com a força da opressão comum a um regime de Ditadura.
A tropa de choque reuniu os ônibus da empresa na Avenida Cassino Ricardo, conduziu todos em comboio até a empresa, interrompeu o trânsito no Jardim das Indústrias, impediu os trabalhadores de descerem para participar das assembleias e obrigaram os motoristas dos ônibus a avançar sobre o canteiro e entrar na empresa em alta velocidade. Os dirigentes do Sindicato dos Químicos foram barbaramente impedidos de chegar perto dos ônibus e falar com os trabalhadores, que foram mantidos em cárcere privado e violentamente oprimidos pela mira de escopetas da tropa de choque. O tal direito de ir e vir de cada trabalhador, de cada motorista que passava pelo local sucumbiu diante a violência da PM e da intenção da empresa em criar uma praça de guerra.
Cenas antes só vistas na época da Ditadura Militar foram produzidas pela tropa de choque para – ilegalmente – atuar como agentes da repressão a serviço dos interesses e lucros da empresa. É a barbárie da democracia da empresa e da violência da tropa de choque. É inadmissível constatar que em um estado de democracia os trabalhadores sejam tratados como reféns da Polícia Militar e coagidos sob a mira de armamento. A instituição que deveria proteger os trabalhadores e toda a sociedade colocou a vida dos cidadãos em risco.
Na assembleia do horário administrativo, a tropa de choque saiu marchando de dentro da empresa, como a Johnson fosse o quartel da PM, para mais uma vez tentar impedir a adesão à greve.
No total, a violência armada da polícia colocou cinco ônibus do primeiro turno e cinco do administrativo para dentro a força. Os outros dez ônibus do primeiro turno e sete do administrativo chegaram até a portaria da empresa na Dutra, mas não conseguiram impedir estes trabalhadores de descerem para participar da assembleia e aderir à greve ainda com mais vontade e sentimento de revolta contra a barbárie da tropa de choque.
Os trabalhadores mantiveram a greve deflagrada ontem à noite e ainda aprovaram um repúdio à ação da empresa em usar a polícia militar como guarda particular para escoltar e oprimir a categoria. Isso, de nenhuma forma, é aceitável em uma democracia.
Os trabalhadores também são solidários aos companheiros que foram mantidos reféns da tropa de choque e obrigados a entrar na empresa mesmo querendo participar da assembleia de greve.
A paralisação continua por tempo indeterminado. Dos quatro mil trabalhadores da empresa, aproximadamente, 600 foram escoltados a força, dois mil seguem de braços cruzados. Havia assembleia marcada com o turno da tarde, às 13h30, mas a tropa de choque ameaça repetir a violência absurda cometida de manhã.
A Johnson fica no KM 154 da Rodovia Presidente Dutra. A portaria principal fica no Jardim das Indústrias.
Reivindicações específicas na Johnson
· Abono salarial;
· Vale-alimentação;
· 85% de hora extra em dias normais e 130% durante o descanso semanal renumerado, dias compensados e feriados;
· Gatilho salarial de 5%;
· Redução do custo do transporte dos trabalhadores;
· Redução da jornada para os trabalhadores das empresas terceirizadas em igualdade com os trabalhadores do grupo Johnson;
· Restabelecimento e reposição dos valores de piso salarial rebaixado pela empresa com equiparação garantindo-se função igual, salário igual;
· Fim do sistema de operações em que um trabalhador opera mais de uma máquina ao mesmo tempo;
· Garantia de 60 minutos de intervalo para refeição.
Veja as fotos Policia a serviço do capital