“Paraisópolis exige respeito” é o lema da campanha lançada no dia 25 de abril pela comunidade contra as arbitrariedades cometidas pela Prefeitura, o governo do Estado e seu braço repressivo (a PM). Há meses os moradores das comunidades daquela região da Zona Sul paulistana vêm sendo pressionados a deixar o local para dar lugar a empreendimentos viários e imobiliários.
Maria de Lourdes Oliveira, 56 anos, é a última vítima da lógica do lucro à frente dos seres humanos, que impera também em Paraisópolis. A moradora de um alojamento da Prefeitura morreu asfixiada no último dia 2, vítima de um incêndio decorrente de curto-circuito. Apesar de ser um prédio público, o alojamento onde Maria vivia – e onde vivem outras 48 famílias – não tem extintores de incêndio, mangueiras e outros itens básicos de segurança.
Este foi o terceiro episódio semelhante em pouco menos de um ano, de acordo com os moradores, que relatam ser comum os eletroeletrônicos queimarem devido à precariedade da rede elétrica. Mesmo assim, o poder público permitiu que uma vida se perdesse sem que nenhuma providência fosse tomada. A família da vítima – que inclui cinco crianças – relata total abandono por parte do poder público até o último dia 6, quando a comunidade realizou um protesto. Ficaram sem lugar até para dormir, dependendo dos vizinhos que moram nas mesmas condições de precariedade há mais de dois anos.
Indignada, a população de Paraisópolis realizou um ato no último dia 6 exigindo solução para seus problemas. A resposta do Município e do Estado veio em viaturas da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. Não bastasse o uso da força policial contra quem não tem nem onde morar, o Estado criminaliza os moradores, alegando que mantinham reféns no local.
A criminalização dos moradores de Paraisópolis se estende desde fevereiro deste ano, quando a PM ocupou a comunidade com uma das famosas “Operações Saturação”. Abusos, roubos e torturas por parte de policiais militares vêm sendo cotidianamente denunciados pela população, sem que ninguém lhes ouça a voz.
Para fazer valer a voz do povo da comunidade, nosso mandato manifesta solidariedade às reivindicações dos moradores de Paraisópolis e região.
Do site do deputado estadual Raul Marcelo – PSOL/SP