Apesar da chuva que acinzentou São Paulo neste sábado (20/08), cerca de mil manifestantes tomaram a Avenida Paulista para protestar contra a hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no Pará. Quarto ato contra a usina a ser realizado na capital paulista, a manifestação deste sábado fez parte do Dia Nacional de Luta contra Belo Monte, convocado de forma descentralizada por ativistas e movimentos autônomos em cerca de 15 cidades do país.
Com cartazes, faixas e gritos, os manifestantes reivindicaram a paralisação imediata da obra. Ambientalistas e índios do região do Xingu defenderam, inclusive, a ocupação do canteiro de obras da usina, no Pará. Nos cartazes, um dos principais alvos foi a presidente Dilma, mas vários manifestantes também exigiram de seus bancos, como Itaú, Bradesco e Santander, que não participassem do financiamento de Belo Monte. Um boneco de palha, simbolizando a presidente Dilma Rousseff, foi repetidamente malhado durante a marcha e queimado no momento em que a marcha parou a avenida e os indígenas fizeram várias danças cerimoniais.
Os caciques kayapó Megaron Tchucarramãe e Yabuti Kayapó – duas das principais lideranças da luta contra as hidrelétricas no rio Xingu – , representantes de várias etnias e dezenas de guaranis da Grande São Paulo compuseram a comissão de frente. “A barragem vai prejudicar os índios. O governo não escuta, nem respeita os índios”, afirmou Megaron.
O Deputado Federal Ivan Valente participou da manifestação e criticou a posição do governo Dilma em dar continuidade às obras de Belo Monte, apesar do enorme impacto ambiental e contra as populações indígenas que a usina trará. “Belo Monte desrespeita princípios constitucionais do Brasil, mas como é uma obra bilionária, que interessa a muitos poderosos, o Estado brasileiro fecha os olhos. É uma atrocidade que está em vias de ser cometida”, criticou Ivan Valente.
A manifestação terminou em frente à sede do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), no Jardim Paulista. Os manifestantes exigiram a imediata demissão do presidente do órgão, Curt Trennepohl, que afirmou a uma jornalista australiana que trataria os índios brasileiros como foram tratados os aborígines australianos, vitimas de genocídio em seu país. Outro boneco, de terno e gravata, simbolizando Trennenpohl, foi incendiado sob vaias.
Além de São Paulo, ocorreram manifestações em Belém, Brasília, no Rio de Janeiro e em mais 11 cidades.
A obra de Belo Monte já rendeu 13 ações de contrárias do Ministério Público, entre elas uma que questiona a constitucionalidade do processo que autorizou a obra. Na semana passada, o MPF impetrou a 13ª Ação Civil Pública contra Belo Monte, por danos irreversíveis à natureza e conseqüente deslocamento de comunidades indígenas. O Congresso Nacional, em julho de 2005, autorizou o Executivo a fazer “o aproveitamento hidroelétrico” de Belo Monte, mas sem ouvir as comunidades indígenas afetadas, como prevê o Artigo 231 da Constituição Federal.
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* Com informações da Agência Brasil e do Movimento Xingu Vivo.
Do Site do deputado Ivan Valente