Por Aldo Santos
Como em todas as aulas, no dia 08 de maio de 2001, a Prof. Maria Alice fez uma retrospectiva das aulas (curso de mestrado em História e Cultura) até o momento, discorrendo sobre a questão do método utilizado e sua ação como facilitadora do processo pedagógico em sala de aula. Os textos utilizados foram dentre outros: a imaginação, a partir de Rubem Alves, recuperando as (imagens) numa perspectiva libertadora.
O método, ou seja, a busca de caminhos no cotidiano, como pressuposto do falar vivido-vivendo. Debatemos a influência da sociologia no conteúdo pedagógico a partir do formismo, relativismo, pensamento libertário e estilo (Michel Maffesoli). Cada educador ou educando tem o seu estilo da relação pedagógica como expressa na tese saber-fazer.
Do ponto de vista didático a professora se expressa como buscadora de caminhos a partir de Rogers, Piaget e Paulo freire, onde nada é definitivo. No recinto (sala de aula) polemizou-se sobre a condição do educador; se ele é objeto ou sujeito do saber.
Ser sujeito pressupõe, ser livre com autonomia, porém exposto a mediação entre o ideal e o real (na sala onde lecionamos).
Percebe-se ainda que somos em grande parte “objeto” dos aparelhos ideológicos do estado, (conforme atestam as correntes de pensamentos dos filósofos/Sociólogos, da qual são representantes Bourdieu e Passeron), e de instituições privadas onde o que prevalece são os interesses de manutenção do estado capitalista excludente.
Falamos ainda sobre as correntes pedagógicas expressas no texto de Libâneo, bem como, nossa reprodução de uma educação bancária, conforme leitura de Paulo Freire, na abordagem do livro de José Rubens l. Jardilino (retalhos biobibliográficos – edições pulsar – novembro/2000 – pág. 33 e 34), o autor relaciona o processo educacional como:
“Nessa concepção, Paulo está criticando não somente o ato de ensinar, mas uma visão de mundo da sociedade opressora e, conseqüentente, o conceito de cultura aí embutido – a cultura do silêncio – [receber e transmitir valores e conhecimentos].
O autor caracteriza a concepção bancária de educação em dez pontos que transcrevemos abaixo:
1 – o educador é o que educa; os educandos, os que são educados;
2 – o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem;
3 – o educador é o que pensa; os educandos, os pensados;
4 – o educador é o que diz palavra; os educandos, os que a escutam docilmente;
5 – o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados;
6 – o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que seguem a prescrição;
7 – o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam, na atuação do educador;
8 – o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele;
9 – o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente á liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se ás determinações daquele;
10 – o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos.
Dessa forma, Paulo mostra que, na visão de educação bancária, existe uma oposição entre educador-educando, no qual ambos não se dão conta como no processo de oprimidos/opressor, é necessário, pelo ato pedagógico, desmistificar essa relação para que aconteça a verdadeira educação que dirige o homem para liberdade.
A tomada de consciência de uma das partes os leva á superação da preservação do poder das classes dominantes sobre as dominadas.
A educação bancária está a serviço da desumanização e da opressão dos seres humanos. Cabe, pois, uma ação de descoberta da consciência para que, nos libertando da condição dos ouvintes, passamos dizer a palavra criadora e feitora do mundo.
Paulo chama a atenção mesmo daqueles educadores humanistas que, embora cheios de boas intenções e buscando a educação libertadora, estão submersos numa concepção bancária de educação e, portanto, a serviço da causa do opressor”.
Conclui-se que devemos ter claro os desafios e limites das instituições escolares, porém,se faz necessário transformar a escola num espaço de conscientização, politização e de libertação dos empobrecidos , desmascarando a pseudo neutralidade pedagógica que se presta a manutenção da ordem e do sistema Capitalista vigente.
Mudar é preciso.
Aldo Santos é ex-vereador de São Bernardo do Campo, membro do Diretório Nacional e Presidente do PSOL em São Bernardo do Campo