Nesta última segunda-feira, dia 13 de junho, presenciamos, durante as eleições do 52º Congresso da UNE na PUCRS, cenas de violência, machismo e banditismo. Cenas indignas de um movimento estudantil! Quando duas militantes do movimento estudantil da universidade foram questionar novamente a lisura das eleições realizadas pelo Diretório Central dos Estudantes da PUCRS, foram brutalmente agredidas por membros da gestão desta entidade, sendo uma delas inclusive agredida sexualmente.
A atual gestão do DCE da PUCRS é ligada ao vereador Mauro Zacher do PDT-RS e não é de hoje que este grupo político se utiliza de violência para coagir estudantes da oposição, sendo que, em 2004, uma subcomissão da ALERGS concluiu que: “(1) as eleições para os centros acadêmicos e diretório central dos estudantes da PUCRS não são livres e democráticas (2) existem indícios de que a Reitoria da PUCRS interfere nas entidades de representação estudantil (3) existe, por parte da Reitoria da PUCRS, censura prévia às manifestações estudantis (4) a contribuição compulsória é uma das fontes de sustentação financeira do DCE da PUCRS (5) existem indícios de que as bolsas estudantis são usadas politicamente para coptação e neutralização dos estudantes e (6) existem indícios de ação em quadrilha, configurada pela prática de ameaças, violência e coação física contra estudantes. A lembrança do assassinato do estudante Fábio Borba tem sido usada sistematicamente como meio de intimidação dos estudantes. É fundamental investigar profundamente este homicídio, ainda não esclarecido”(Fragmento do Relatório da Comissão de Direitos Humanos, p. 17, 2005 – http://www.al.rs.gov.br/download/SubDCE_PUCRS/Relatorio_Subcomissao_PUCRS.pdf).
Agora, em 2011, vemos novamente este mesmo grupo político agredir sistematicamente estudantes da oposição, principalmente as mulheres, ameaçando-as de estupro e culminando já em algumas agressões físicas a elas. As imagens exibidas pela internet na última terça-feira (link do vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=ETjOIS5ldkc) mostram claramente a ação misógina dos integrantes do DCE PUCRS contra as militantes Paola Piumato e Tábata Silveira, desligando as luzes da sala da entidade no mesmo momento em que a estudante Paola começa a gritar pedindo socorro e outros estudantes são impedidos de entrar na sala para ajudá-las. Essa situação é mais um episódio de uma longa e repugnante história que mancha esse Diretório.
A violência contra mulher deve ser combatida em todas as esferas da nossa sociedade e não pode ser usada como arma política para coagir e oprimir a militância estudantil. As cenas das camaradas sendo arrastadas para fora da sala do DCE PUCRS e, anteriormente, os gritos da companheira Paola Piumato pedindo ajuda, nos remetem às centenas de mulheres agredidas diariamente em nosso país, como se, pelo simples fato de sermos mulheres, não tivéssemos o direito de contestar ou nos opormos aos desmandos da truculência e do banditismo de estudantes sexistas.
Não é a primeira vez este ano que os membros do DCE PUCRS coagem e agridem militantes mulheres nesta universidade. Na semana passada, mais 3 camaradas foram agredidas por contestar a lisura do processo eleitoral de tiragem de delegados do 52º Congresso da UNE.
Nós do PSOL sabemos que vivemos em uma sociedade patriarcal e capitalista, e, para nós, é fundamental o combate ao machismo para a construção de uma sociedade socialista. É inconcebível que correligionários do PDT, partido que lutou contra a ditadura militar e pela redemocratização do país, se utilizem de métodos comparáveis aos torturadores militares. Reiteramos nossa solidariedade aos estudantes da PUC/RS que se encontram em longa jornada de lutas contra a ditadura ali imposta pela reitoria e pelo DCE , mas, principalmente, nossa solidariedade às militantes mulheres agredidas por não abaixarem a cabeça frente ao totalitarismo engendrado nesta universidade e em tantas outras país afora.
Hoje, somos todas Paolas e Tábatas, pois não nos calaremos frente aos abusos e agressões advindos da violência machista presente em nosso país. É necessário que a PUC/RS garanta a integridade física e psicológica das militantes, não compactuando mais ainda com os desmandos do Diretório Central dos Estudantes. A sociedade gaúcha e brasileira não pode se calar frente à demonstração explícita de descaso e subjugação das mulheres, pois as cenas acontecidas na PUCRS são de violência recorrentes a todas as mulheres brasileiras.
O FEMINISMO NUNCA MATOU NINGUÉM, O MACHISMO MATA TODOS OS DIAS!
PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER!
PROTEÇÃO A TODAS AS MULHERES AGREDIDAS PELO DCE PUCRS!
PELA PUNIÇÃO DOS AGRESSORES DA PUC/RS!
UMA OUTRA GESTÃO DIGNA PARA O DCE PUCRS!
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Mulheres do PSOL