Heloísa Helena
Dia Internacional da Mulher… são muitas histórias para explicar o surgimento da data…das mulheres socialistas nas ruas do leste às lutadoras operárias americanas tecelãs de tecido lilás!
As histórias de agora também são muitas… parecem mesmo aquela que Galeano contava de uma antiga mulher de imensa saia cheia de bolsinhos, em cada um deles papeizinhos que ao serem retirados ressuscitavam esquecidos e mortos e todas as andanças do bicho humano.
Queiramos ou não em cada uma de nós recontamos as muitas histórias de outras mulheres espalhadas pelo mundo… no silêncio da neve ou da solidão, nas dunas do deserto ou do mar, nos sertões ou nas cidades, na imensidão das florestas ou das pedras cortadas pelos rios… Afinal, sorrisos e lágrimas são mesmo iguais em qualquer lugar do mundo!
A nossa Coragem vem lá das negras guerreiras que foram açoitadas, marcadas com ferro em brasa, penduradas em ganchos de ferro que lhes atravessavam as costelas, mas nada foi capaz de impedi-las de lutar a gloriosa – mesmo que nem sempre vitoriosa – luta da liberdade!
A nossa Intuição vem lá das índias – lobas, corujas, águias, ursas, beija-flores… – decifradoras dos mistérios das matas, florestas, caatingas… colhendo as folhas de todos os remédios e seguindo as estrelas com seus filhos pendurados dividindo leite com outros bichinhos!
A nossa Liberdade vem de muitas mulheres… brancas, negras, gordas, magras, novas, antigas, de todas as religiões ou sem nenhuma delas… livres e ousadas para usar o mais vermelho dos batons e sair mundo afora como mestras das artes do encantamento… ou livres e ousadas de cara lavada feito lírios dos campos e ostentando as rugas talhadas pelas dores do tempo!
De nada valerá a inveja entre nós… a vã tentativa de apagar na outra o brilho que gostaríamos de ter. De nada valerá a perseguição implacável às outras… reproduzindo as línguas cínicas, machistas e maldosas que condenam nas mulheres o que nos homens aplaudem.
Somos todas igualmente mulheres andarilhas e lutadoras do povo ou condenadas nas prisões domésticas olhando a vida pelas brechas das suas janelas… Somos todas donas do nosso amor e do nosso corpo ou vendidas com a alma dilacerada e a auto-estima destruída… Somos todas em cada uma de nós… em tristezas, alegrias, amores, segredos dolorosos, fraquezas inconfessáveis…apenas Mulheres… e Grandes Mulheres… untadas nos perfumados óleos de ternura e fúria… ostentando as cicatrizes que as lágrimas deixaram na alma como sinais sagrados das suas lutas… colhendo flores e frutos e semeando Vidas nesta maravilhosa experiência de ser Mulher!
Beijos!
Artigo originalmente publicado no Portal da Fundação Lauro Campos