Um levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo aponta que os partidos ou coligações terão de romper a barreira dos 300 mil votos para eleger neste ano ao menos um deputado federal em São Paulo, 11 mil a mais que em 2006.
O cenário no Estado, que tem 41 milhões de habitantes e 70 cadeiras na Câmara, mostra que a disputa por um mandato se torna mais difícil, já que não houve redefinição do número de vagas destinadas a cada Estado pelo Congresso e pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Na eleição federal de 2006, a soma dos votos válidos dividida pelo número de vagas resultou no quociente de 296.987 votos em São Paulo. O cálculo para 2010, feito pelo jornal, chega a 308.070, mantida a taxa de votos brancos, nulos e abstenção da eleição passada, considerando o eleitorado de março deste ano. Este número pode oscilar para baixo ou para cima a depender do número de abstenção, votos brancos e nulos.
Duas questões podem causar maior instabilidade à previsão do quociente, primeiro a impugnação de um número maior de candidatos nestas eleições, 27% dos pedidos de registros no TRE-SP foi indeferido, a maioria destes candidatos segue disputando com base em recursos apresentados, segundo a exigência legal da apresentação de documento com foto e título de eleitor no ato da votação, o que pode aumentar o índice de abstenção.
Outras distorções podem ter impacto na composição das bancadas, o fenômeno Tiririca, por exemplo, que desponta com maior índice de indicação nas pesquisas, pode carregar até mais 4 deputados pela coligação encabeçada pelo PT.
Muitas pessoas desconhecem o cálculo que é feito para se chegar a uma cadeira na Câmara dos Deputados. Muitas vezes imaginam que é necessário apenas um determinado candidato ser muito bem votado e pronto, mas o resultado que de fato importa é a votação do conjunto do voto de cada chapa, somando todos os votos nominais e de legenda.
Segundo outra matéria publicada pela Folha de S. Paulo, o custo médio das campanhas vitoriosas não devem sair por menos de 3 milhões de reais, em 2006, o custo médio das campanhas vitoriosas, com base naquilo que foi declarado à Justiça Eleitoral, ficou em 503 mil reais.
Isto tudo dá a dimensão das dificuldades de se eleger um parlamentar por São Paulo. O quanto as grandes máquinas, o poder econômico, a grande mídia distorcem a disputa e inviabilizam setores que representam propostas alternativas, as que vão contra os interesses do grande capital, de ocuparem um espaço no legislativo.
O que aumenta ainda mais a necessidade de intensificarmos a campanha na reta final, de sairmos às ruas, de irmos atrás de cada voto, de cada apoio, de cada multiplicador. Só uma campanha militante, que conte com o apoio generoso e voluntário de milhares de apoiadores pode fazer frente ao poder econômico, aos esquemas empresariais que se transformaram as campanhas eleitorais, seja as da base governistas do lulo-petismo seja as da oposição de direita.