Terminou no início da tarde desta sexta-feira (11/06) a ocupação do Fórum João Mendes, em São Paulo, por servidores do Judiciário. O prédio, localizado no centro da capital paulista, foi ocupado por mais de 100 trabalhadores, em greve desde o dia 28 de abril. A reivindicação principal da greve é o reajuste salarial de 20,16%; há dois anos a categoria está sem aumento. O movimento pede ainda melhorias nas condições de trabalho, contratação de mais funcionários e o fim do assédio moral.
A decisão da ocupação, que iniciou na noite de quarta-feira (09/06), veio após os desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo decidirem cortar o ponto dos servidores parados. A ocupação do Fórum João Mendes pedia a abertura de negociação com os grevistas. O movimento, no entanto, foi durante reprimido pela presidência do TJ, que impediu a entrada de alimentos e de água potável no edifício durante a ocupação.
No meio da tarde de quinta-feira (10/06), começou a negociação com os juízes auxiliares do TJ José Maria Camara Junior e João Batista Rebouças. Em nenhum momento o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Antonio Carlos Viana Santos, dialogou com os servidores.
O deputado Ivan Valente participou de todo o processo. “Pedimos que eles liberassem a entrada de água e comida. Os juízes chegaram a sinalizar que liberariam, mas a presidência do TJ não autorizou. No fim, a proposta dos trabalhadores de desocupar o prédio caso as faltas fossem abonadas – algo previsto inclusive no regimento dos servidores – também não foi aceita. Ou seja, houve muita intransigência e falta de disposição para a negociação por parte do Tribunal de Justiça”, criticou Ivan Valente.
Enquanto isso, do lado de fora do João Mendes, mais de 600 manifestantes acompanhavam as discussões. As negociações não obtiveram resultado e os grevistas permaneceram no Fórum durante a noite. No final da manhã desta sexta, uma assembleia interna, realizada pelos ocupantes, votou pela liberação do prédio. A greve continua.
“O movimento foi corajoso. A ocupação do João Mendes fortaleceu a greve e a recusa às negociações por parte da presidência do Tribunal de Justiça levaram outros fóruns do estado de São Paulo a paralisarem suas atividades”, avaliou Ivan Valente. “Na verdade, a não concessão de aumento aos servidores do Judiciário faz parte da linha de ajuste fiscal adotada pelo governo de São Paulo, que não quer reajustar o funcionalismo público. Não querem que o aumento dos servidores do Judiciário sirva de rastilho para outras áreas da gestão pública”, explicou.
O deputado também criticou a declaração feita pelo secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo e ex-secretário da Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey, de que a greve teria motivação eleitoral. “Virou mania do PDSB dizer que toda greve é política. É política sim, mas não é partidária. Por isso continuaremos aqui, em solidariedade ao movimento”, concluiu.