03/05/2010
Declaração sobre a crise europeia
A crise econômica global continua. Enormes quantidades de dinheiro foram injetadas no sistema financeiro – US$ 14 bilhões para as medidas de salavação nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e zona do euro, US$ 1,4 bilhões no ano passado para novos empréstimos bancários na China -, tantos esforços para aportar uma nova estabilidade à economia mundial. Mas se esses esforços serão suficientes para produzir um reestabelecimento durável, a questão está aberta. O crescimento segue sendo muito débil nas economias avançadas, enquanto a greve segue aumentando. Existem temores de que está se formando uma nova bolha financeira, desta vez, centrada na China. O caráter prolongado da crise – a mais grave desde a Grande Depressão – é sintoma do fato de que suas raízes se fixam na própria natureza do capitalismo como sistema.
Depois de um severo aumento nas demissões, agora na Europa o foco da crise está no setor público e no sistema de proteção social. Os mesmos mercados financeiros que têm sido salvos graças aos planos de ajuda agora estão em pé de guerra contra o aumento da dívida pública que tais planos causaram. Pedem reduções massivas nos gastos públicos. Essa é uma tentativa com caráter de classe para fazer pagar os custos da crise, não para quem a provocou – em primeiro lugar, os bancos -, e sim aos trabalhadores. Não só aos empregados no setor público, e sim também a todos os usuários dos serviços públicos.
A Grécia está atualmente no olho do furacão. Como tantas outras economias europeias, a grega é particularmente vulnerável, em parte por ter acumulado dívidas durante a fase de expansão, em parte por que é incapaz de rivalizar com a Alemanha, o gigante da zona do euro. Sob a pressão dos mercados financeiros, da Comissão Europeia e do governo alemão, o governo de Georgios Papandréou abandonou suas promessas eleitorais e anunciou cortes que equivalem a 4% do produto nacional.
Afortunadamente, a Grécia possui uma história rica em resistências sociais desde os anos 1970. Após a revolta da juventude, em dezembro de 2008, o movimento operário grego tem respondido ao pacote de cortes governamentais com uma série de greves e manifestações. Saudamos também o exemplo de referendo na Islândia, no qual o povo rechaçou a proposta de repagar a dívida imposta pelos bancos.
Os trabalhadores gregos necessitam das solidariedades revolucionárias, de sindicalistas e anticapitalistas de todos os países: a Grécia é o primeiro país europeu a se encontrar no alvo dos mercados financeiros, mas sua lista de objetivos potenciais compreende muitos mais, em primeiro lugar os Estados espanhol e português.
Precisamos de um programa de medidas que possam tirar a economia da crise com base numa prioridade das necessidades sociais, mais que benefícios, e que emponha um controle democrático de mercado. Devemos lutar por uma resposta anticapitalista: nossas vidas, nova saúde, nossos empregos valem mais que seus benefícios.
– Todos os cortes nos gastos públicos internos devem parar ou ser revertidos: não às “reformas” dos sistemas de aposentadoria, de saúde e de educação, que não se vendem;
– Garantia do direito a emprego e programa de criação de empregos públicos verdes: transportes limpos, indústrias de emergias renováveis e adaptação dos edifícios públicos e privados para reduzir as emissões de dióxido de carbono;
– Criação de um sistema bancário e financeiro público unificado sob controle popular;
– Imigrantes e refugiados não devem ser tidos como os culpados pela crise;
– Não aos gastos militares: retirada das tropas ocidentais de Iraque e Afeganistão, reduções massivas de gastos militares e dissolução da Otan.
Decidimos organizar atividades de solidariedade por toda a Europa contra as reduções de investimentos sociais e os ataques capitalistas. Uma vitória dos trabalhadores gregos reforçará a resistência social em todos os países.
Grécia: Aristeri Anasynthes, Aristeri Antikapitalistiki Syspirosi, Organosi Kommuniston Diethniston Elladas-Spartakos, Sosialistiko Ergatiko Komma, Synaspismos Rizospastikis Aristeras
Alemanha: Internationale Sozialistische Linke, Marx21, Revolutionär Sozialistischen Bund
Áustria: Linkswende
Bélgica: Ligue Communiste Révolutionnaire – Socialistische arbeiderspartij
Chipre: Ergatiki Dimokratia
Croácia: Radnicka borba
Espanha: En lucha/En lluita, Izquierda Anticapitalista, Partido Obrero Revolucionario
França: Nouveau Parti Anticapitaliste
Grã-Bretanha: Socialist Resistance, Socialist Workers Party
Holanda: Internationale Socialisten, Socialistische Arbeiderspartij
Itália: Sinistra Critica
Irlanda: People Before Profit Alliance, Socialist Workers Party
Polônia: Polska Partia Pracy, Pracownicza Demokracja
Portugal: Bloco de Esquerda
Rússia: Vpered
Suíça: Gauche Anticapitaliste, Mouvement pour le Socialisme /Bewegung für Sozialismus, Solidarités
Turquia: Devrimci Sosyalist Isçi Partisi, Özgürlük ve Dayanisma Partisi