Com muita irreverência, os trabalhadores da Educação da rede de ensino de São Paulo, em greve há quatro semanas, deram sua resposta à truculência com que foram recebidos na semana passada pelo governo Serra. Em vez das balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, que marcaram a repressão dos policiais militares à manifestação do magistério nos arredores do Palácio dos Bandeirantes, no dia 26/03, o que se viu na Avenida Paulista na quarta-feira (31/03) foi muita música, muitas bexigas, muitos apitos, muito colorido.
Numa mesa improvisada no vão livre do Masp, ao som de “Comer, comer!”, entoado por uma banda de metais, os professores se deliciaram com um banquete de coxinhas. A crítica era em relação ao valor do vale-refeição que os professores recebem: R$ 4,00. O pleito da categoria, além da garantia de auxílio alimentação para todos os docentes, é de R$ 14,00 por refeição.
Antes do início da assembléia dos professores, supervisores, diretores e funcionários da Educação, todo o funcionalismo público de São Paulo realizou, no mesmo local, um ato unificado para marcar o bota-fora de Serra do governo estadual. Esta semana, o governador deixa o cargo para disputar as eleições presidenciais.
“Nossa manifestação é contra a política de desmonte do funcionalismo público colocada em prática pelo PSDB. Depois da repressão da semana passada, descobrimos que os hospitais públicos de São Paulo não têm banco de sangue. Na Zona Norte, só um hospital público tem. O resto está privatizado”, relatou Nilcéa Fleury, diretora de formação da Apeoesp. Na terça-feira (30/03), os professores doaram sangue à rede pública de saúde.
Mas nem tudo foi tranquilo na assembléia na Paulista. Pouco tempo antes do início do ato no vão livre do Masp, o governo Serra mandou prender o carro de som que seria usado pelos sindicatos, inviabilizando a estrutura necessária para se dialogar com os milhares de grevistas presentes. As duas pistas da Avenida Paulista foram ocupadas e, depois de aprovarem a continuidade da greve, os trabalhadores seguiram então em direção à Praça da República.
Lá, deliberaram pela realização de uma nova assembléia no dia 8 de abril, quinta-feira, novamente na Avenida Paulista. “Esta é uma categoria combativa, que se coloca de pé diante da truculência do governo Serra. Não nos intimidaremos”, afirmou Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp.
Para o deputado Ivan Valente, que marcou presença na atividade dos trabalhadores da educação de São Paulo, o governo Serra mais uma vez agiu de forma truculenta e anti-democrática.
“Além de prender o carro de som dos grevistas, Serra mandou fechar os banheiros públicos da região e deixou a tropa de choque preparada nas ruas ao redor do Masp. Havia, portanto, disposição para um novo confronto. Quem trata assim os professores vai fazer o que com os movimentos sociais se chegar à Presidência da República?”, questionou Ivan Valente.
Fonte: site do deputado federal Ivan Valente