Evento marca o primeiro aniversário da entidade do movimento negro UNEafro
09/03/2010
Cleyton Borges
www.uneafrobrasil.org
São Paulo
Em plena manhã de sábado (dia 6), debaixo de muita chuva, cerca de 500 militantes da UNEafro-Brasil (União de Núcleos de Educação Popular para Negras(os) e Classe Trabalhadora) participaram da Aula Pública em Defesa da Aprovação de Cotas pelo STF. O Ato aconteceu no auditório do sindicato dos Químicos, centro de São Paulo e inaugurou o ano letivo dos cursinhos da UNEafro em 17 cidades do Estado de São Paulo.
O tema foi estimulado pela Audiência Pública realizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na qual foi discutida a constitucionalidade do sistema de cotas nas universidades públicas. Para Douglas Belchior, membro do Conselho Geral da UNEafro, que coordenou a mesa de debates, o intuito principal da aula foi iniciar o processo de formação política dos estudantes dos cursinhos e reunir forças sociais a favor das cotas e ações afirmativas para negros(as).
Como convidados marcaram presença Milton Barbosa, fundador do MNU, João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, Édson França, da UNEGRO, Cidinha Aparecida, do INSPIR, o rapper Aliado G, da Nação Hip Hop, Luciana Araújo, da Revista Debate Socialista, Juninho, do Círculo Palmarino, Alex Minduim, da Gaviões da Fiel, Wagner Hosakawa, Secretário da Assist.Social de Guarulhos e Gabriel Sampaio, da Consulta Popular. Do campo mais acadêmico estiveram presentes os professores Evandro Luis, Pró-reitor Comunitário da USF e Profª Ana Karin, da FESB. O presidente do Sindicato dos Bancários de SP, Luiz Claudio e representantes do Sinsprev/SP e Sasp, além do deputado federal Ivan Valente e dos deputados estaduais José Cândido, Vicente Cândido e Raul Marcelo também estiveram presentes.
A integrante do Conselho Geral da UNEafro, Elenilza Ferreira, de Bragança Paulista, afirmou que atualmente a única maneira de essa parte da população ter acesso à universidade são as cotas. “Queremos um ensino público melhor e os nossos alunos dentro da universidade pública, mas o sistema não permite isso”.
Representando a Direção Nacional do MST, João Paulo Rodrigues disse que "a luta pelo acesso de negros e trabalhadores à faculdade é uma luta que unifica os movimentos do campo e da cidade." João Paulo defendeu que a universidade pública deve ser, por direito, dos estudantes de escola pública, principalmente negros e indígenas. "A juventude aqui presente deve se mobilizar cada vez e lutar por esse direito" disse.
Membro do Círculo Palmarino, Joselício Junior, (Juninho) destacou que o grupo defende a adoção de cotas como elemento de reparação histórica de uma população que foi escravizada no Brasil e no processo de abolição foi excluída social, econômica e culturalmente. “E sabemos que em nossa sociedade a produção de conhecimento é produção de poder também”.
Milton Barbosa, fundador do MNU – Movimento Negro Unificado, destacou a importância da mobilização da juventude e do trabalho realizado pela UNEafro. “Estou hoje recebendo um presente. O empenho e a luta contra o racismo e por políticas sociais para o povo negro norteou minha vida e a vida do MNU. Ver essa juventude encampar essa mesma luta é um presente.”, disse emocionado.
No final da aula pública Douglas Belchior destacou a importância de os estudantes acompanharem o desenrolar do tema e deixou, como tarefa que todos (as) enviem e-mails para o Supremo Tribunal Federal. "Vamos continuar a formação em cada núcleo e organizar ônibus para Brasília, pois a pressão popular será fundamental para manter as cotas existentes hoje em mais de 90 universidades públicas" concluiu. O evento marcou o primeiro aniversário de fundação da UNEafro-Brasil. Leia mais e acesse vídeos em www.uneafrobrasil.org .
Matéria publicada originalmente na Agência Brasil de Fato