Na qualidade de presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), Plínio Arruda Sampaio esteve nesta quarta-feira (4) no município de Bauru para participar da audiência pública convocada pelo comitê local de solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Plínio também se reuniu com a juíza responsável pelo caso na 1ª Vara de Lençóis Paulista, Ana Lúcia Aiello Garcia, para discutir a libertação dos presos – cujas prisões temporárias vencem hoje – e conversou com o delegado seccional da região, Benedito Valencise, para assegurar que, caso os trabalhadores não sejam libertados, que possam ficar todos juntos no mesmo local.
O pedido foi feito em razão de outros 15 trabalhadores terem sido indiciados ontem e do delegado que preside o inquérito, Jader Biazon, ter anunciado à imprensa local que pediria a prisão preventiva dos agricultores após o vencimento do prazo das prisões temporárias. Sete trabalhadores já estão presos em quatro diferentes cidades desde o dia 26 de janeiro.
No inquérito, os trabalhadores são acusados de furto e depredação a sede da fazenda Santo Henrique, na cidade de Borebi, de propriedade da Cutrale. As acusações são uma evidente perseguição política para criminalizar o movimento e encobrir o verdadeiro crime ocorrido em toda essa história: o fato da Cutrale se afirmar proprietária de terras públicas da União, griladas na década de 1930.
Terras públicas são constitucionalmente destinadas à reforma agrária e a empresa citricultora tenta manter a posse do latifúndio que ocupa criminalizando o MST.
Plínio lembrou que todos os trabalhadores presos têm moradia fixa, comprovável pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e que as detenções são um ato de violência inaceitável. O ex-deputado constituinte também apontou claramente a bancada ruralista no Congresso Nacional – que forçou a instalação de uma CPI contra o MST no parlamento – como responsável pela criminalização do movimento sem terra e da luta pela reforma agrária.
Durante a audiência pública o coordenador nacional do MST Gilmar Mauro propôs que se realize um tribunal popular para julgar a Cutrale, os parlamentares ruralistas, o Judiciário que se posiciona em defesa da propriedade e contra o direito à reforma agrária. A proposta foi aclamada por todos os presentes e Plínio comprometeu-se a estar presente à atividade.
O deputado Raul Marcelo e o presidente estadual do PSOL Miguel Carvalho também participaram da audiência.