Em 2009, o Brasil gastou dez vezes mais recursos com os reparos causados por desastres naturais do que com a prevenção
Aline Scarso – Radioagência NP
Em 2009, o Brasil gastou dez vezes mais recursos com os reparos causados por desastres naturais do que com a prevenção. Desde o início do ano, milhares de brasileiros já perderam suas casas e pertences em razões das fortes chuvas, enchentes e deslizamentos de terra. Mesmo assim, o governo cortou em 55% a verba destinada ao programa de prevenção e preparação de desastres no orçamento para o ano de 2010. Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já registraram mortes em áreas de risco.
Luis Dallacosta, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), explica que outros recursos financeiros podem ser somados ao orçamento conforme seja necessário reparar os danos. No entanto, para ele, o ideal seria investir fundamentalmente em programas de prevenção.
“[É necessário] garantir recursos orçamentários para que as pessoas não precisem ocupar áreas de risco. Pode ser feito um bom programa de habitação e remanejamento da população dessas áreas. Claro que acidentes não se contém na sua totalidade, mas é possível preveni-los. Cito o exemplo de Cuba. Cuba é um país com menos recursos financeiros que o Brasil, mas praticamente não perde nenhuma vida nas catástrofes [ambientais]”, afirma Dallacosta.
De acordo com a ONG Contas Abertas, em 2009, o Brasil gastou dez vezes mais recursos com os reparos causados por desastres naturais do que com a prevenção. As verbas destinadas para a prevenção são gastas na contenção de encostas, drenagens e canalização de rios.
“E nem sempre fazer ações preventivas, e cuidar da vida das pessoas, dá lucro para as grandes empresas. As empresas preferem a destruição, para que possam ganhar dinheiro com a reconstrução”, conclui.