Por Laerte Braga
O fundamental nessa conversa é seguir à risca aquela historinha que volta e meia circula na rede de computadores. Não roube uma galinha, se o fizer faça por hobby. Roube um galinheiro, invista no crescimento da prole galinácea, monte um abatedouro, um frigorífico, exporte, venda no mercado interno, sonegue os impostos, arranje negócios paralelos, associe-se a empreendedores estrangeiros, achegue-se a presidentes assim do tipo FHC (facilmente compráveis), vá sugerindo que tudo seja privatizado, pegue uma beirada de cada privatização, enfim, deite e role à margem da lei que curiosamente a lei garante sua impunidade através de ministros de cortes ditas de justiça e supremas. Ah! Não deixe de colaborar para a campanha de José Collor Serra, isso é de suma importância.
Seja Gilmar Mendes no STF DANTAS INCORPORATION LTD, ou seja ARNALDO ESTEVES LIMA (nome do Papai Noel de Dantas, mas esse é diferente, dá o presente depois que ganha) dito ministro do Superior Tribunal de Justiça (aquele que o ministro Medina vendia sentenças por um milhão de reais) e no último minuto do segundo tempo, ou da prorrogação, às vésperas do recesso judiciário, suspenda todos os processos contra Daniel Dantas. O ladrão de galinheiro que virou banqueiro e é proprietário de ponderável percentual de ações do estado brasileiro. A maior parte concentrada no poder legislativo e outra no poder judiciário.
São deputados, senadores, ministros das tais cortes que Dantas carrega numa pasta própria para as emergências, ou eventuais contratempos.
O tal ARNALDO ESTEVES LIMA, que dizem ser do judiciário, pelo menos ocupa uma cadeira no tal STJ (um adorno para empregar mais gente a serviço de figuras como Dantas) transformou o juiz Fausto De Sanctis em suspeito. É honrado, cismou de achar que aquele artigo que diz que todos os brasileiros são iguais perante a lei é real, é para ser cumprido. Não leu as entrelinhas. Bandidos como Dantas são diferentes. Podem tudo, inclusive construir dinheirodutos ligados diretamente aos tribunais superiores do País e alguns dos seus ministros.
Arrancam habeas corpus, suspensão de processos, continuam a saquear, sonegar, a praticar toda a sorte de crimes possíveis e nada acontece. Ou por outra, fica impune.. Hoje pela manhã um grupo de trabalhadores de uma empresa compareceu a uma agência do Banco do Brasil para receber seu décimo terceiro, depositado segundo a dita empresa e lá não tinha nada. Revolta, indignação, etc, mas o empresário foi de férias para a praia com a família.
E daí? Os trabalhadores ficarão sem o décimo terceiro, o empresário singrará mares de praias tranqüilas e pronto. É o tipo que “gera empregos”, tem benefícios fiscais e traz “progresso”.
Um desses deputados que se presta a qualquer papel, tipo Rodrigo Maia, ou senadores padrão Eduardo Azeredo, Kátia Abreu, Artur Virgilio, Tasso Jereissati, deveria apresentar um projeto de emenda constitucional, ia passar sem problema, são poucos os não compráveis, estabelecendo que só poderão ser processados os integrantes do MST, de movimentos populares, ladrões de galinha, estabelecer um limite tipo assim, roubou ou sonegou mais de cinco milhões está garantido pelas instituições falidas. Roubou ou sonegou menos vai para a cadeia.
E assim fica salva a democracia, ficam preservados os valores e tradições das máfias que infestam os poderes públicos, assegura-se que o Brasil é a casa da Mãe Joana.
O ministro presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD e sua subsidiária a STF BERLUSCONI INCORPORATION LTD, segura a publicação do acórdão que permite ao presidente Lula conceder a Cesare Battisti a condição de refugiado, ou asilado se for o caso por uma razão simples. Eleições na Itália. Aí, pela porta dos fundos do seu gabinete chegam as “cédulas” de Berlusconi. É que se Cesare não for extraditado e Lula já deixou entrever que não vai extraditar, o prestígio do dono do bordel antigamente conhecido como Itália, sofre algumas perdas eleitorais o que pode significar perda de “cédulas”.
O futuro do Brasil não passa por essas instituições. Estão falidas. Passa pela luta popular e essa não tem nem limites e nem fronteiras, diz respeito a todos os que ainda se consideram seres humanos.
Um escárnio a decisão do tal ARNALDO ESTEVES LIMA.
Laerte Braga é jornalista.