Duas empresas do escândalo do "mensalão do DEM" – a Uni Repro Serviços Tecnológicos Ltda. e a Call Tecnologia – receberam da Prefeitura de São Paulo desde 2006, quando o prefeito Gilberto Kassab (DEM) assumiu o cargo, R$ 106,9 milhões por serviços prestados.
As companhias são suspeitas de ter alimentado o suposto esquema de propina no governo José Roberto Arruda (DEM), investigado pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora.
Tanto a Uni Repro como a Call Tecnologia seriam supostamente usadas por integrantes do PPS – que fez parte do governo do Distrito Federal e integra a gestão Kassab – para levantar fundos para o esquema.
Na capital paulista, o contrato com a Uni Repro é anterior à nomeação de Kassab como prefeito. A empresa foi escolhida pela Secretaria de Saúde por meio de pregão presencial e depois recontratada diretamente pela maioria das secretarias, subprefeituras e outros órgãos governamentais.
Ela concentra a maior parte dos serviços de fotocópia do governo. Levantamento feito no NovoSeo, o sistema de execução orçamentário do município, mostra que de 2006 até novembro foram pagos R$ 48,1 milhões para a empresa.
A Call Tecnologia, de José Celso Gontijo, que aparece nas gravações entregando dinheiro para o suposto esquema, foi contratada em 2006 pelas secretarias de Gestão e Finanças. De fevereiro daquele ano até novembro, recebeu R$ 58,8 milhões.
Os contratos foram para instalação e manutenção do sistema de 156 da prefeitura – central telefônica que recebe ligações gratuitamente do cidadão para serviços da administração – e do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), que dispara ligações para contribuintes devedores de tributos buscando a negociação da dívida.
A Call Tecnologia chegou a ser investigada pela CPI do IPTU, na Câmara Municipal de São Paulo. O relator da comissão, Antonio Donato (PT), afirma que, além ouvir um representante da empresa, dois parlamentares da CPI fizeram diligências na sede da empresa por suspeitas de fraude.
A prefeitura, por meio de sua assessoria, informou que os contratos foram feitos por pregão e, no caso da Call Tecnologia, desde 2007 o valor pago não é reajustado. As empresas não retornaram as ligações.
ESTADOS
Minas e de São Paulo, Estados administrados pelo PSDB, também assinaram contratos com uma das empresas citadas no escândalo. A InfoEducacional tem contratos de R$ 6,7 milhões, em Minas (2008), e R$ 12,8 milhões, em São Paulo (2004, 2005 e 2006). As secretarias de Educação disseram não haver problema com os contratos.
Matéria Publicada no jornal: O Estado de S.Paulo – 2/12/2009